Antigas estratégias

Antigamente, no “tempo do tuba” (e até um pouco depois disso), quando não existia tanta tecnologia para ajudar nas devidas investigações, era comum os variados personagens dos mais diversos times recorrerem a expedientes extra-campo para diminuir as chances de vitórias dos inimigos.

Na decisão do campeonato acreano de 1967, entre Grêmio Atlético Sampaio (time da 4ª Companhia de Fronteira) e Vasco da Gama, contou-me o veterano Danilo Galo, que na época jogava neste último, os dirigentes militares teriam protagonizado uma dessas manobras para faturarem o título.

De acordo com o relato do Danilo, justamente no dia do jogo, marcado para às 16 horas de um domingo ensolarado, no Estádio José de Melo, o árbitro escalado para a contenda foi recebido no quartel da corporação para um lauto almoço, em cujo cardápio incluía-se um jabuti ao leite de coco.

Pela narrativa do ex-atacante vascaíno, goleador nato, temido pelos adversários, tanto pelo seu faro de artilheiro quanto pela fama de não levar desaforo pra casa, o árbitro não deixou o seu time jogar. Todo contato era falta. E lançamento longo virava impedimento. Sempre contra o Vasco.

Fora essa historinha, que culminou, é claro, com a vitória do Grêmio Atlético Sampaio (3 a 2), existem muitas outras a respeito desses tais expedientes extra-campo. Historinhas que incluem malas de dinheiro para subornar jogadores, barulhos para não deixar os atletas dormirem etc. e tal.

No que diz respeito às malas, aliás, existia até uma diferença de cores. Se fosse “mala branca”, o dinheiro se destinava a incentivar uma equipe a buscar um resultado positivo. Resultado esse que beneficiava o dono da mala. Já se fosse “mala preta”, essa era para fazer um time “abrir as pernas”.

As crônicas do futebol de antigamente registram até casos de “invasão” de mulheres nas concentrações de jogadores. A coisa funcionava da seguinte maneira: os dirigentes dos clubes anfitriões contratavam umas “meninas” para se infiltrar nos hotéis e não deixar os craques descansarem.

Depois de uma noite insone, praticando o “esporte mais prazeroso do mundo”, os atletas do time visitante não tinham praticamente força alguma para correr no dia seguinte. Resistiam, no máximo, o primeiro tempo. Depois disso acabava o gás, que ninguém é feito de ferro, e a goleada vinha na certa.

Esse papo me ocorreu por conta da intoxicação alimentar que se abateu sobre os jogadores do Rio Branco naquele jogo lá em Bragança-PA. Não que eu esteja apontando o dedo para alguém ou estabelecendo culpas. Mas enquanto a investigação não for concluída, uma interrogação vai ficar no ar.