Francisco Dandão
Aos 11 anos, no primeiro semestre de 1984 (ele nasceu no dia 11 de fevereiro de 1973), Josué Antunes Ribeiro Aguiar já despontava como um dos meninos mais habilidosos da pelada de todas as tardes na Praça do Oscar (churrascaria). Por essa condição, ninguém estranhou quando ele foi levado pelo professor Marcos Maghetty, em 1986, para o infantil do Juventus.
Atacante de origem, Josué foi migrando para as posições defensivas, até virar zagueiro, depois de um tempo atuando como lateral-direito. Isso ainda com a camisa do Juventus. Quando migrou, como juvenil, para, sucessivamente, Independência e Atlético Acreano, a jovem promessa de craque não tinha dúvida que encontrara em definitivo o seu lugar no campo.
A ascensão de Josué para a condição profissional aconteceu aos 19 anos, no Atlético, no início do ano de 1993. Quem o promoveu foi o técnico Júlio Paulo D’Anzicourt. Junto com ele subiram outros três jogadores do time de juniores do Galo: o meio-campista Standang, o lateral Fabiano e o atacante Radares. Dos quatro, só Josué conseguiu se firmar no time de cima.
“Nós fomos promovidos num momento em que o Galo tinha um elenco profissional bem pequeno. Mas quando eu subi, não fui logo jogando. Tive que esquentar o banco de reservas por algum tempo. Fui entrando aos poucos. O titular na minha posição era o Nego, irmão do Dim e do Ley. Minha estreia foi contra o Andirá e nós ganhamos por 2 a 0”, disse Josué.
As outras camisas e os títulos
De 1993 a 2009, quando pendurou as chuteiras, aos 36 anos, além do Atlético Acreano, no começo da carreira, Josué vestiu as camisas de Vasco da Gama, Juventus, Independência, Rio Branco e, novamente, do Atlético, encerrando a carreira no mesmo lugar onde foi lançado profissionalmente. Nesse período, levantou a taça de campeão estadual duas vezes: Vasco (2001) e Rio Branco (2005).
Mas os títulos não foram somente esses. Anteriormente, na época das divisões de base, o ex-zagueiro já havia sido campeão outras três vezes por Juventus, Independência e Atlético. E fora isso, ele ergueu mais oito taças nos campeonatos de amadores do bairro Calafate, sendo quatro pelo União do Calafate, três pelo Cruzeiro do Aviário e um pelo Seis de Agosto.
“Eu era muito fominha. Quando parava o campeonato profissional, eu tratava de arranjar uma vaga nos campeonatos amadores da periferia. O que eu queria era estar jogando bola. E não havia conflito de interesses ou quebra de contrato com os times profissionais porque o campeonato acreano ocupava um período muito pequeno do ano”, explicou o ex-zagueiro Josué.
“Provavelmente”, continuou Josué, “por conta dessa minha fome de bola, eu até tivesse jogado muito mais tempo. Só parei mesmo por conta de dois fatores: a minha atividade como funcionário público, que dificultava o meu comparecimento aos treinos, e as lesões que passaram a me perseguir. Chegou um momento que eu comecei a me lesionar muito. Aí resolvi parar.”
Os bons parceiros e as grandes alegrias
Josué elegeu quatro jogadores como os grandes parceiros do seu tempo de bola: Faísca, Siqueira, Ciro e Juscelâneo. “Com esses aí, eu me entendia à perfeição, principalmente dentro das quatro linhas”, garantiu o ex-zagueiro. E como os adversários que davam mais trabalho, ele citou Tangará, Juliano César e Ricardinho. “Atacantes extremamente perigosos”, declarou.
Sobre os momentos de maior euforia, Josué lembrou de duas passagens. A primeira, num jogo pelo Vasco, contra o Nacional-AM, no antigo estádio Vivaldão, lotado. O Vasco perdeu de 4 a 3, mas o ex-zagueiro fez um belo gol, cabeceando “de peixinho”. E a segunda, na decisão do campeonato de 2001, quando o Vasco venceu o Rio Branco, na prorrogação.
Quanto aos melhores do futebol acreano, Josué escalou sua seleção com Klowsbey; Marquinho Amarelo, Paulão, Neórico e Sabino; Gilmar, Carlinhos Bonamigo e Mariceudo; Dim, Gil e Ley. Melhor dirigente: Raimundo Ferreira, “pela seriedade”. Técnico: Ulisses Torres, “pela boa leitura do jogo”. Árbitro: Neuricláudio, “pelo respeito com os jogadores”.
Funcionário público do setor da saúde, onde exerce um cargo de direção, Josué, à guisa de conclusão, disse que não descarta, no futuro, trabalhar como diretor de futebol de algum clube do Acre. Mas, antes, falou que gostaria de ver uma melhoria dos investimentos nas divisões de base dos times locais. “Não é possível se tornar competitivo sem dinheiro”, finalizou.