Durante 18 temporadas, de 1994 a 2011, os torcedores acreanos tiveram o prazer de ver tudo o que era capaz de fazer com uma bola o meia atacante Ciro Matias de Araújo, com as camisas de Independência, Rio Branco, Atlético, Vasco da Gama e Juventus. Nesse intervalo, ele ainda teve tempo de defender o Matsubara-PR por um breve período, no ano de 2000.
O futebol começou a acontecer na vida de Ciro quando ele completou 17 anos (ele nasceu em Rio Branco, no dia 22 de fevereiro de 1976), descoberto pelo técnico Aníbal Honorato, em peladas nos campinhos do bairro Cadeia Velha. Aníbal o levou para os juniores do Independência e no ano seguinte, 1994, ele já estava incorporado ao elenco principal do Tricolor.
“Fui muito bem recebido no Independência, inclusive porque eu já conhecia muitos dos jogadores que estavam por lá. Posso dizer que foi um período de muita aprendizagem os meus primeiros dias no Tricolor. Para se ter uma ideia, o titular do time principal, na minha posição, era ninguém menos do que o Mariceudo, que foi uma das minhas inspirações”, disse Ciro.
Apesar de ter sido um jogador de elevada técnica e de marcar muitos gols, Ciro não conseguiu ser campeão muitas vezes. Na época dos juniores, de acordo com ele, quem mandava na categoria era o Rio Branco. E nos profissionais, ele só teve o gostinho de levantar um troféu: o do campeonato acreano de 2001, pelo Vasco, numa final justamente contra o Estrelão.
Melhor jogador do campeonato de 2001
Do ano de estreia no time profissional do Independência, num jogo em que o Tricolor de Aço venceu o Andirá por 5 a 0, Ciro precisou de oito temporadas para ser eleito o melhor jogador do campeonato acreano. Esse reconhecimento da crônica esportiva pelo futebol que ele jogava coincidiu exatamente com o segundo título do Vasco da Gama na era profissional.
“Tudo deu certo para mim nesse ano. Eu diria, inclusive, que a final desse campeonato de 2001, contra o Rio Branco, se configura na minha memória como o jogo inesquecível. Veja que nós só poderíamos ser campeões se batêssemos o Rio Branco duas vezes: no tempo normal e na prorrogação. Apesar do favoritismo deles, nós conseguimos”, afirmou Ciro.
“Mas o grupo do Vasco nesse ano de 2001 era muito bom”, ressaltou Ciro, lembrando os nomes de jogadores como Faísca, Ferreira, Índio, Marco Antônio Tucho, Evilásio, Josué, Nelson, Airton, Marquinhos Calafate, Dário, Paquito, Siqueira, Jean, Gato, Kaiquê, Paulinho, Tequi… “Um grupo de jogadores de bom nível e com incrível vontade de vencer”, garantiu ele.
Em contrapartida, levando em conta que nem tudo são flores na vida, Ciro contou que não ser campeão pelo Independência até hoje lhe incomoda. “O que eu mais queria era ter sido campeão pelo time que me lançou como jogador profissional. As eternas torcedoras e o presidente Macapá mereciam isso. Infelizmente, não foi possível e eu lamento muito”, contou Ciro.
Destaques do futebol acreano e conselho
Ciro elegeu Marcelo Altino como o melhor dos técnicos com quem trabalhou. “Ele aliava conhecimento e experiência no futebol e sabia motivar os jogadores. Eu diria mesmo que ele é um desses treinadores que ganha jogos no vestiário”, garantiu. Quanto ao melhor dirigente e ao melhor árbitro, ele lembrou, respectivamente, os nomes de Diogo Elias e Marcos Café.
No tocante à uma seleção de jogadores da sua época, Ciro escalou Klowsbey; Marquinhos Paquito, Dudu, Paulão e Ananias; Siqueira, Rol, Mariceudo, Ciro e Testinha; Juliano César. Mas fez questão de citar outros nomes que poderiam figurar entre os onze titulares numa emergência. Casos de Valtemir, Mamude, Josué, Paulinho, Papelim e os irmãos Dim e Ley.
Se ele teria um conselho para os jovens que desejam seguir a profissão de jogador de futebol? Sim, ele tem. “Muita disciplina, reponsabilidade, sob nenhuma hipótese abandonar os estudos, continuar sonhando e acreditar na própria capacidade para crescer profissionalmente. Tudo isso é que me foi ensinado quando eu comecei e que eu tentei seguir à risca”, explicou Ciro.
Aos 44 anos, formado em enfermagem, Ciro Matias garantiu que o futebol ficou no passado e que hoje ele só quer mesmo continuar crescendo e evoluindo como profissional da área da saúde. “Me sinto realizado exercendo a minha profissão, cuidando daqueles que necessitam. Não descuido, porém, de praticar esportes sempre que posso”, finalizou.