Duelo no deserto

Palmeiras e Tigres, times respectivamente do Brasil e do México, entram em campo neste domingo pelas semifinais do Mundial de Clubes do nefasto ano de 2020 (sai pra lá, pandemia!), em Doha, capital do Catar, no gramado do estádio batizado pelo sugestivo nome de Cidade da Educação.

A partir das 15 horas de Brasília tem início o duelo que levará um dos dois times à final do torneio, provavelmente contra o alemão Bayern de Munique. Será a primeira partida do Palmeiras neste Mundial. O Tigres, por sua vez, já obteve um triunfo ao tirar do páreo o coreano Ulsan Hyundai.

Levando-se em conta o clima árido e extremamente quente da capital catariana, eu diria que esse jogo entre brasileiros e mexicanos se trata de um duelo no deserto. Mais ou menos como acontecia naqueles antigos filmes de faroeste que a gente assistia nas sessões de matinê dos anos de 1960 e 1970.

Se eu bem me lembro, nos filmes referidos, os mexicanos, que normalmente eram os bandidos da história, levavam sempre a pior. Vestidos com umas calças “boca de sino”, jaquetas apertadas e usando uns chapelões, invariavelmente eles eram feridos mortalmente, num final de tarde qualquer.

É verdade que os mocinhos que matavam os mexicanos nos filmes de faroeste jamais eram brasileiros. Esse papel sempre coube a algum cowboy norte-americano, inclusive quando os filmes eram produzidos pela indústria italiana (os famosos “faroeste spaghetti”, com Franco Nero e congêneres).

Mas é verdade também que num mundo globalizado não existe mais essa obrigação de o papel do mocinho ser destinado aos norte-americanos. Dependendo de quem escreve o roteiro, o papel de herói pode caber a qualquer um. E então, eventualmente, um brasileiro pode dar o tiro fatal.

Aliás, se a gente for seguir essa linha de raciocínio das balas, não custa nada lembrar que um dia desses, pra variar, um figurão dessa nossa república de bananas andou até ameaçando os norte-americanos com “pólvora”, caso em algum momento falhassem as gestões diplomáticas para dirimir dúvidas.

Vejam vocês o patético da ameaça: enquanto os norte-americanos estão trabalhando com a divisão do átomo, pelo menos desde a Segunda Guerra Mundial (há mais de 50 anos, portanto), aparece um debilóide falando em pólvora. E ainda tem quem diga ser o Brasil um país sério. Rsrs.

Fanfarronices, negacionismos e idiotices à parte, porém, e voltando ao start deste texto, o que eu quero dizer é que os brasileiros do Palmeiras vão ter que redobrar os cuidados para não se quedarem feridos de morte pelos mexicanos do Tigres, no crepúsculo deste domingo, no deserto do Catar!