Entrevistei no meio dessa semana, para produção de um daqueles perfis de ex-jogadores que vem sendo publicados, nos últimos tempos, no jornal Opinião e no site namarcadacal.com.br, o ex-volante Sérgio Roberto Pinto Veras, mais conhecido como Cairara. Um cara pra lá de vencedor!
Do início da sua aventura com a bola, no infantil do Recriança, em 1984, aos 11 anos, até pendurar as chuteiras, em 2003, recém chegado na casa dos 30 anos, defendendo as cores do Andirá, Cairara vestiu somente outras quatro camisas: Independência, Vasco da Gama, Rio Branco e Adesg.
Nesse período, ele foi campeão acreano de futebol profissional em três oportunidades: pelo Independência (seu time do coração), no ano de estreia, 1993; e pelo Rio Branco, duas vezes, em 1994 e 2000. E ele também bateu na trave várias vezes, conquistando uma porção de vice-campeonatos.
Uma rápida olhada tanto em fotografias antigas quanto em matérias arquivadas dos tempos de bola do Sérgio Cairara também pode constatar, para além dos títulos e vices que que ele conquistou, como o dito cujo era requisitado por um clube e por outro cada vez que acabava uma temporada.
Tudo isso que eu disse até aqui, porém, imagino que seja do conhecimento da maioria dos torcedores que costumavam lotar o estádio José de Melo nas noites de quarta-feira e tardes de domingo. O que poucos devem saber foi a batalha da vida que o Cairara travou fora das quatro linhas.
De acordo com as palavras do ex-volante, lá pelas tantas, aí pelo final da década de 1990, ainda enquanto jogador profissional, ele começou a beber e a consumir drogas. Um vício que se intensificou quando a mãe dele faleceu, em 2002. De repente, segundo me disse, o mundo virou de cabeça pra baixo.
Felizmente, depois de anos mergulhado nas trevas, quando perdeu até convivência com a própria família, Cairara encontrou no amigo José Roberto Araújo o apoio que precisava para se libertar do vício, passando seis meses internado numa casa de recuperação e ingressando numa igreja evangélica.
Atualmente, já faz seis anos que Cairara está totalmente “limpo”, batalhando pela vida em dois trabalhos dignos. Durante o dia, ele faz parte da equipe de uma empresa de serviços terceirizados. E na parte da noite, ele complementa a sua renda como motoboy de uma distribuidora de bebidas.
No meu entender, essa é uma dessas verdadeiras histórias de superação. Todo mundo sabe que é muito difícil submergir no mundo do vício e voltar para a luz. O Cairara conseguiu. É por isso que eu disse lá no final do primeiro parágrafo que o considero “um cara pra lá de vencedor”.