Na era do jogador pop star e da incontrolável vontade de aparecer na mídia, Dunga é uma grande solução. Cobrar de jogador postura dentro e fora de campo é com ele mesmo. Fez isso na Copa de 2010 muito bem (irritou até a TV Globo) e quase deu certo – aliás, ele foi colocado como técnico naquela época porque a seleção do mundial de 2006 comandada por Parreira pintou e bordou na concentração.
Dunga é ex-jogador de futebol com carreira vitoriosa. Mas o bom dele é que conhece a vida de boleiro. O Brasil precisa hoje preparar melhor a cabeça do jogador de nível de seleção. Isso parece tão importante quanto colocar a equipe para jogar um futebol moderno.
O novo coordenador Gilmar Rinaldi também conhece boleiro. Andou com eles por anos. Mas sua função é incompatível já que há pouco tempo negociava jogadores com altíssimas cifras. É como se colocasse Paulo Maluf na presidência do Banco do Brasil.
O problema maior é de quem o escolheu: José Maria Marin que comanda a CBF. Aliás, Marin foi vice de Maluf e com uma carreira política tenebrosa. Pelo histórico nebuloso também não deveria ocupar o lugar que está hoje.
Mas a questão é que ninguém quer se sujar no galinheiro. Não é fácil achar um técnico e um coordenador técnico de ponta que queiram se submeter a CBF de Marin.
Nesse caso, Dunga e Gilmar se encaixam bem. Tem pouco a perder trabalhando para a entidade. E também não ameaçam a autocracia de Marin ou do futuro presidente da CBF Marco Polo del Nero (como Felipão e Parreira também não ameaçavam) com questionamentos e cobranças extracampo.
Como a CBF deve ajudar os clubes a sair do buraco que se encontram? Como a CBF pode incentivar a formação de atletas no Brasil? O que a CBF deve fazer para tornar os campeonatos por ela promovidos mais atraentes de público? O que a CBF pode realizar para criar ligas de futebol fortes fora do eixo Sul-Sudeste?
Para a entidade máxima, as respostas para isso são tratadas como a mesma desfaçatez de Marin quando surrupiou uma medalha, na premiação da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2012. Todo mundo viu, todo mundo falou, mas ele manteve a cara de pau.
Augusto Diniz