MANOEL FAÇANHA
Revelado para o futebol pelas mãos do ex-jogador Aguirre, lateral do extinto Amapá-AC na década de 1980 e hoje defensor público, Ricardo Tavares do Couto, o Ricardinho, participava há quase dois anos de competições no campo Adauto Frota, CT do Atlético Acreano, quando surgiu o convite para um período de testes no Rio Branco. “Na época, eu tinha 14 anos e mostrava certa qualidade técnica e poder de finalização. Então, isso chamou atenção do Aguirre que me fez o convite para uma peneira no Rio Branco, algo que aceitei prontamente”, lembrou Ricardinho.
No Estrelão ele explicou que ficou por dois anos, mas com a mudança de diretoria perdeu a ajuda de custo, migrando assim para o Recriança e, posteriormente, para o Vasco da Gama, clube onde assinou o primeiro contrato profissional, aos 17 anos.
A estreia de Ricardinho no profissionalismo ocorreria em grande estilo. O craque marcou gol, aplicou caneta e deu chapéu na vitória vascaína sobre a Adesg pelo Campeonato Acreano de 1997. “Foi uma estreia perfeita, apesar da ansiedade e nervosismo”, lembrou Ricardinho, afirmando ainda que foi escalado de última hora.
Em 11 temporadas de carreira futebolística, Ricardinho jogou em seis clubes: Vasco da Gama (1997 a 1999 – 2007), Rio Branco (2000-2001, 2003, 2006), Atlético Acreano (2002-2005), Juventus (2004), Andirá (Série C 2001) e Independência (Série C 2005). Foram três títulos estaduais: Vasco da Gama (1999) e Rio Branco (2000-2003).
Gols inesquecíveis, apelido de Príncipe e a seleção ideal
Entre os jogos inesquecíveis do artilheiro Ricardinho, ele pontuou dois, ambos ocorridos na temporada de 2000. O primeiro durante uma disputa de Copa Norte, quando ele, não somente marcou o gol da vitória do Vasco da Gama diante do Clube do Remo por 1 a 0, ocorrido no mês de janeiro no estádio Baenão, como ainda acabou expulso nos minutos finais de partida. Os dribles curtos do destemido artilheiro vascaíno logo atraíram o interesse dos dirigentes da dupla Re-Pa, mas o atacante acertaria mesmo era a sua transferência para o Rio Branco, após uma conversa com então presidente estrelado Sebastião de Melo Alencar. O segundo jogo inesquecível ocorreria na disputa do estadual daquele ano, quando o Estrelão atropelou a Adesg por 5 a 0. Em noite pra lá de inspirada, Ricardinho infernizou a defesa do Leão guiomarense e ainda marcou quatro dos cinco gols do Rio Branco. O feito rendeu ao atacante o apelido de “Príncipe”, dado pelo ex-técnico e comentarista José Aparecido Pereira dos Santos, o Nino.
A respeito da sua seleção ideal, ele a escalou da seguinte maneira: Weverton; Ley, Romildo, Jorge e Miquinha; Cairara, Mundoca, Tangará e Testinha; Ricardinho e Rozier. O técnico preferido é Ulisses Torres e o dirigente é o empresário Sebastião de Melo Alencar. “Foram duas pessoas importantes na minha carreira. O Ulisses me ensinou muita coisa dentro e fora do futebol, apesar de muitas delas, principalmente fora do futebol, não ter assimilado naquela época. O Sr. Alencar sempre foi um paizão pra mim”. No requisito melhor árbitro ele indicou Marcus Barros Café. E quanto à figura de melhor assistente o escolhido foi Mário Jorge. Sobre os companheiros ideais durante a carreira ele citou dois nomes: Marcelo Cabeção e Leo. “Esses caras comigo em campo era prenuncio de trabalho para as defesas adversárias”, disse sorridente, mas revelando que era fã mesmo era do futebol do meia-atacante Testinha, embora tenha lamentado jamais terem jogados juntos.
O falecimento do pai, depressão e a profissão de médico
Em fevereiro de 2001, a vida do atacante Ricardinho sofreu uma grande perda. O pai Luiz Antônio Couto, um autônomo do ramo de madeira, gado e terra, perdeu a vida após sofrer uma parada cardiorrespiratória, aos 43 anos. “Foi um momento muito doloroso na minha vida. Meu pai era a minha grande inspiração e isso me fez perder, aos poucos, o sentido da carreira futebolística. Entrei em depressão e quase acabei com a minha vida, mas ao conhecer minha esposa, Cinira Ferraz, associado ao apoio da minha mãe, Socorro Barros, da minha avó Estela Tavares e dos meus amigos Maércio, Leandro Veronez, Paulinho e Xavier, consegui superar esse trauma e passei a focar não somente o futebol, mas também novos horizontes para a minha vida, tanto que consegui, com muito esforço, me tornar um profissional de medicina”, falou emocionado Ricardinho.
Sem grandes perspectivas no futebol e já com 28 anos, Ricardinho, a convite da esposa, resolveu deixar o país para cursar medicina na Bolívia, no primeiro semestre de 2008. Em 2015, já com o diploma de medicina em mãos pela Universidade UDABOL/Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, ele resolveu fazer o Revalida e acabou aprovado. O primeiro emprego seria num hospital público da cidade de Xapuri-AC, em 2016. Um ano depois, ele conseguiu a transferência para o Pronto Socorro do Hospital de Mairiporã, na Grande São Paulo, como médico socorrista e, posteriormente, assumiu a coordenação da equipe.
Casado com Cinira Ferraz, também médica, Ricardinho é pai de três mulheres: Stella, de 19 anos, Heloísa, 4 anos, e Isadora, de 2 anos.
A respeito da pandemia do novo coronavírus, ele aconselhou as pessoas a seguirem as normativas internacionais da OMS, como o uso de máscara, medidas de higiene e, claro, evitar as aglomerações.