Escapulário, o bailarino

Um dia desses escrevi sobre o aniversário de três craques do futebol acreano do passado, neste mês de março, citando o ex-volante Tadeu Belém (dia 8), o ex-meia José Augusto Passada Larga (dia 11) e o ex-atacante Elísio (dia 27). Um trio que jogou o fino da bola no vetusto estádio José de Melo.

Aí, então, por conta do tal texto, recebi um recado do amigo Paulo Edson dando conta de que o seu saudoso pai, caso ainda estivesse entre nós, também faria aniversário no mês de março. O pai do Paulo Edson era ninguém menos do que o Escapulário, lendário cracaço do Independência.

Escapulário, cujo nome próprio era José Maria Pinheiro dos Santos, nasceu em Belterra, interior do Pará, no dia 3 de março de 1945. O apelido que o tornaria famoso no mundo da bola ele ganhou nos tempos de ginasiano, pela mania de andar com um amuleto religioso pendurado no pescoço.

Mas os bancos escolares não poderiam segurar Escapulário por muito tempo. Ainda adolescente, jogando um futebol de gente grande, ele ingressou no time do São Raimundo de Santarém-PA, onde permaneceu entre os anos de 1960 e 1964, sagrando-se duas vezes campeão municipal.

Logo nas primeiras apresentações, ele já ganhou um complemento ao apelido principal: “bailarino”. Isso pelo fato de ser magrinho e ter que ensaiar danças na frente dos zagueiros adversários para fugir das sarrafadas. José Maria Pinheiro passou a ser conhecido como “Escapulário, o bailarino”.

Com o passar dos anos, o futebol do bailarino extrapolou as fronteiras paraenses e ele começou a migrar para outros estados. Primeiro para Rondônia, onde permaneceu por três temporadas (1965, 1966 e 1967), sempre em alto nível, defendendo as cores do Ferroviário e do Moto Clube.

Cumprida essa etapa, foi a vez dele chegar ao Acre, contratado pelo empresário Adalberto Aragão para jogar no Independência. Antes, porém, de estrear no Tricolor de Aço, ele foi emprestado ao Vasco da Gama, para a disputa de um torneio, sob o comando do técnico/presidente Almada Brito.

Depois disso, Escapulário virou uma lenda com a camisa tricolor, citado pelos torcedores da década de 1970 como titularíssimo em qualquer formação do Independência. Ele jogou no time do Marinho Monte de 1968 a 1976, sagrando-se campeão estadual em três ocasiões: 1970, 1972 e 1973.

Penduradas as chuteiras, o bailarino foi ficando no Acre, onde virou funcionário público, encontrou o amor da sua vida e constituiu uma família. Pendurou as chuteiras, mas não largou as animadas peladas semanais. Um gênio que saltou para o abismo da metafísica no dia 2 de janeiro de 2011.