O ex-atacante Amarildo Veras, em foto recente. Foto/Acervo Amarildo Veras

Amarildo – Jogador fez história nos gramados e nas quadras

FRANCISCO DANDÃO

O cidadão Amarildo Henrique Rosas da Cruz Veras veio à luz no dia 6 de junho de 1962, na cidade acreana de Tarauacá. Poucos anos depois, ele mudou com a família para Cruzeiro do Sul, onde deu os primeiros chutes numa bola de futebol, em peladas nas praias formadas nos períodos de seca do rio Juruá. Um futuro brilhante apontava para as pernas do então menino.

A habilidade, a velocidade e o jeito de jogar sempre de modo vertical definiram logo que ele deveria ser atacante. E foi assim que ele chegou aos times mirins do Náuas e do Juruá. A posição o acompanharia depois que ele se mudou para a capital Rio Branco, em 1975, e jogou, sucessivamente, nos dentes de leite da Rodoviária, do professor Rivaldo Melo, e do Juventus.

O ex-atacante disse não lembrar qual o adversário ou o placar da sua estreia em um time adulto. O que ele afirmou com certeza foi que ainda era adolescente quando vestiu a camisa do Vasco da Gama nessa categoria, depois de ter participado de uma “peneira”, no Campo da Fazendinha (sede campestre do Almirante), e foi selecionado pelo presidente Almada Brito.

“Eu não cheguei a jogar em times de juvenis ou juniores. Pulei direto da categoria infantil para a de adulto. Na época, o professor Almada resolveu formar um time só de garotos, porque o clube andava com o caixa baixo para fazer contratações. Já comecei como titular. Era tudo menino bom de bola, que não tremia quando enfrentava os times grandes”, contou Amarildo.

Juventus – 1979. Em pé, da esquerda para a direita: José Francisco, Dantinha, Álvaro Curu, Amarildo Veras, Richard e Carlos. Agachados: Fugiwara, Pereira, Viana, Cirênio, Mundoca e Elísio. Foto/Acervo Álvaro Melo.

Outros clubes e carreira nas quadras

Depois da temporada no Clube da Cruz de Malta, o futebol incisivo do Amarildo Veras chamou a atenção dos cartolas e ele, até o fim da carreira, no início da década de 1990, acabou vestindo as camisas dos seguintes times: Andirá, Floresta, Amapá, Brasil do Buldogue, Atlético, Juventus e Independência. “Eu jogava onde me chamassem”, explicou o ex-atacante.

Brasil do Buldogue – 1980. Em pé, da esquerda para a direita: Franco, Amarildo Veras, Alberto, Roque, Carlinhos Magno e Mário Kempes. Agachados: Assis, Guto, Afonso, Elísio, Careca e Cleber. Foto/Acervo Alberto Lima.

Paralelamente à atividade nos gramados, ele disputou, também em alto nível, campeonatos de futebol de salão e futsal. “Quando acabava o campeonato de campo, eu migrava para o futebol de salão. Eu era ala. Nessa modalidade, eu disputei competições por Andirá, Teleacre, Assermurb, Banacre, Juventus, Independência e Amapá”, garantiu Amarildo Veras.

Seleção Acreana de Juniores – 1981. Em pé, da esquerda para a direita: Carlos Augusto, Mário Jorge, Gilmar, Jaime, Tonho e Erivaldo. Agachados: Amarildo Barata, Roberto Ferraz, Gil, Pingoncinha e Amarildo Veras. Foto/Acervo Francisco Dandão

Desse tempo de bola, Amarildo considera inesquecível um jogo pelo Amapá, contra o Rio Branco. De acordo com o ex-atacante, ele teve que deixar o campo aos 15 minutos do segundo tempo, depois de levar uma entrada violenta. O Diabo Laranja (Amapá) havia esgotado as substituições. Então, apesar da dor, ele voltou e marcou os dois gols da virada do seu time.

Atlético Acreano – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Carlinhos Magno, Pompeu, Jaime, Pintão, Ricardo e Xepa. Agachados: Amarildo Veras, Neném, ,Zito, Manoelzinho e Anísio. Foto/Acervo Francisco Dandão.

A propósito de entradas violentas, Amarildo citou dois zagueiros que costumavam jogar na base do pontapé: Lécio e Deca. Mas, apesar da pancadaria, nenhum dos dois lhe assustavam, porque, segundo ele, mesmo quando era escalado para jogar pelos lados do campo, dava sempre um jeito de levar a bola pra dentro da área, onde qualquer pancada podia virar pênalti.

Pagamento em quilos de carne e destaques

Amarildo contou divertido que não ganhou praticamente nada com o futebol. “Eu jogava por puro prazer. Quando eu estava no Atlético, o pagamento era um quilo de carne por semana, dado por um fazendeiro/torcedor. No Amapá, eles pagavam o aluguel de um quarto. E no Juventus, o que eu ganhei foi dois braços quebrados”, afirmou gargalhando.

Quanto a figuras consideradas de destaque no esporte acreano, Amarildo Veras citou o dirigente Elias Mansour (Juventus), os técnicos Elden Guedes Fuzarca (futebol de campo) e Álvaro Melo Curu (futebol de salão) e o árbitro Wagner Cardoso de Lima, a quem ele chama carinhosamente de Esfola Gato. “Todos excelentes”, garantiu o ex-atacante.

No quesito seleção de campo, o ex-craque se incluiu na lista e escalou o seguinte time: Xepa; Antônio Maria, Neórico, Paulão e Duda; Emilson, Mariceudo, Carlinhos Bonamigo e Dadão; Amarildo e Paulinho Rosas. Já o quinteto perfeito de futebol de salão/futsal, no qual ele também teria presença certa, formaria com: Lauro; Viana, Tião Nemetala, Mundoca e Amarildo.

Prestes a completar o seu tempo como funcionário público, Amarildo disse que sonha com uma aposentadoria numa praia. Fora isso, ele garantiu que não pensa mais em futebol como atividade. Só quer seguir torcendo pelo seu Fluminense. Mas não se omitiu em dar um conselho para os garotos que queiram brilhar no esporte: “não ter nenhum vício e respeitar o próximo”.

Banacre – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: David Abugoche, Braña, Jorge, Amarildo, Nande, Nelsinho e Paulo Facão. Agachados: Medeirinho, Altair, Bé, Dô e Casquinha. Foto/Acervo Celso Ronaldo.
AJ Juventus master – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Davi Abugoche (técnico), Hudson, Dadão, Carlinhos Bonamigo, Nande, Zito e José Pinto (Diretor). Agachados: Amarildo, Pedrinho, Venícius Martins, Jorge Carlos e Mário Jorge. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.
Fac símile do Jornal Opinião de 08 de maio de 2021