Com cobertura maciça da mídia, surpreende a dificuldade de boleiros se elegerem. Falta de engajamento político quando na ativa cria barreira com o eleitor.
A televisão tem o futebol como um dos principais produtos. É difícil encontrar algum município brasileiro que não tenha uma emissora de rádio cobrindo o esporte. Veículos impressos dedicam páginas e mais páginas ao futebol, assim como a internet.
Com esta alta exposição, é de se estranhar como ex-jogadores de futebol da primeira divisão tenham dificuldades de se eleger para ocupar uma cadeira parlamentar. Ainda que não estejam na ativa, são facilmente alvos de notícias em várias situações, a partir dos clubes em que jogaram, da seleção etc.
Nestas eleições, foram eleitos representantes da classe de jogadores de futebol um senador (Romário), dois deputados federais (Danrlei e Deley), e de duas a três dezenas de deputados estaduais. Mas poderia ser mais para um esporte com estreito relacionamento com a vida nacional – veja, não estou incluindo cartolas, esportistas de outras modalidades e profissionais da área técnica esportiva.
É sabido que no período eleitoral sofrem em abrir caminho na imprensa, como qualquer candidato, por conta da legislação ou ainda pela necessidade do veículo de fazer controle dos espaços dedicados às eleições – no fim, acaba-se optando em dar pouquíssimo tempo a cada um.
Mas, em geral, eles chegam ao pleito bastante conhecidos por serem permanentemente personagens da mídia. Somente a presença nas campanhas oficiais do rádio e televisão já cria reconhecimento do eleitor de sua candidatura.
No entanto, a falta de engajamento político na época de jogador e o descompromisso da maioria com questões do País no período de aposentadoria, afastam os eleitores que tendem a os enxergar como um ser exótico no universo político – ou até votam neles por considerar uma aberração, mas o fazem por desacreditar mais na política do que confiar nas propostas do candidato-boleiro.
Mas isso vem de origem. Falta de engajamento lá atrás cria a distorção na hora da eleição. Quem sabe o Bom Senso FC não começa a mudar isso.
Augusto Diniz