Centímetros

Um turbilhão de pensamentos me assaltou na volta pra casa, no começo da noite de sábado, após mais uma desclassificação do Rio Branco de uma competição nacional, dentro da Arena da Floresta. O Estrelão tinha a vantagem de poder empatar em zero a zero. Ao fazer um gol, melhorou ainda mais essa vantagem. Mas sofreu o empate e perdeu nos pênaltis.

O adversário, o Anapolina, nada mais fez do que jogar pelo resultado. Durante uma boa parte do segundo tempo, principalmente depois que perdeu por expulsão um dos seus defensores, o time goiano foi pródigo em dar chutões, mandando a bola para longe da sua área. Era seu direito. Sofreu uma pressão desgraçada, mas soube resistir até a hora da loteria.

Sobre o turbilhão de pensamentos que eu falei no primeiro parágrafo, o primeiro deles aflorou em forma de reflexão sobre uma unidade de medida. Justamente a questão do centímetro, que representa uma coisinha de nada. O centímetro é o segundo submúltiplo do metro. Numericamente falando, trata-se de uma unidade de comprimento quase insignificante.

Pois foi justamente essa aparente insignificância que determinou, em última análise, a desclassificação do Rio Branco, depois de uma exaustiva e tensa cobrança de mais de dez penalidades. O jogador do Anapolina fez a sua cobrança, a bola bateu na trave e foi para dentro da rede. Enquanto isso, na cobrança do jogador do Rio Branco a bola bateu na trave e foi para fora.

Outro pensamento que ficou dançando na minha cabeça diz respeito a uma famosa frase do mundo do futebol, atribuída a um personagem folclórico do esporte brasileiro chamado Neném Prancha, que viveu no Rio de Janeiro nas décadas de 1940 e 1950. Segundo contam, ele dizia ser o pênalti tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube.

No caso do Rio Branco nesse jogo de sábado, como o atual presidente, o nosso querido amigo Illimani Suares, é um ex-goleiro, a gente teria que fazer uma pequena adaptação ao pensamento do “filósofo” Neném Prancha. E então, configurado o fato, poderíamos dizer que “pênalti é tão importante que deveria ser defendido pelo presidente do clube”.

Aliás, diga-se de passagem, levando em conta que vários cobradores do Anapolina chutaram no meio do gol, bastava ao goleiro do Rio Branco ficar parado. Ou então, como ensinam todos os manuais e experts da posição, o defensor estrelado deveria atrasar a sua reação. Do jeito que ele fez, o adversário sabia sempre para qual lado ele realizaria o seu salto.

É isso. Do meu turbilhão de pensamentos eu extraí apenas alguns fragmentos. O minifúndio de papel no qual devo desenvolver a crônica da vez não comportaria mais do que isso. O certo é que o futebol acreano vai continuar na quarta divisão. Uma lástima para quem já esteve até na série B. Desse jeito não temos como recuperar nem o eco da nossa antiga glória!

Francisco Dandão