Do Acre para a Libertadores

Escrevi um dia desses sobre os números do torneio Libertadores da América. Mas eu não disse nada de novo naquele texto. Tudo o que eu fiz foi compilar umas informações de sites da internet e dar uma organizada, principalmente nas diferenças de desempenho entre brasileiros e argentinos.

Volto agora ao assunto para ressaltar um detalhe que a maioria não deve saber. O de que dois jogadores do futebol acreano disputaram a competição na década de 1970. No caso, o volante Tadeu Belém e o meia armador Bolinha, ambos defendendo o time boliviano do Jorge Wilstermann.

Tanto o Tadeu quanto o Bolinha nasceram no estado do Amazonas. O primeiro, em Parintins, no dia 8 de março de 1951. E o segundo, em Lábrea, no dia 26 de fevereiro de 1952. Mas, apesar dessa origem, ambos jogaram a maior parte das suas carreiras em clubes acreanos do tempo do amadorismo.

Bolinha foi o primeiro a migrar para o Jorge Wilstermann. Depois de jogar, sucessivamente, por Nacional-AM, Ferroviário-RO, Juventus-AC, Independência-AC e Atlético-AC, entre os anos de 1969 e 1974, Bolinha migrou para a boliviana cidade de Cochabamba para jogar a Libertadores.

Embora os bolivianos fossem fascinados pelo canhoto Bolinha, ele só ficou alguns meses por lá, no segundo semestre de 1974. É que o Jorge Wilstermann pegou logo de cara o Boca Juniors, da Argentina. E aí, veio a desclassificação prematura. Com isso, o elenco foi totalmente desmontado.

Tadeu, por sua vez, subiu o morro para Cochabamba em janeiro de 1977. Ele havia se transferido da Rodoviária amazonense para o Rio Branco no final de 1973. Depois de três temporadas vencedoras, veio o convite irrecusável para jogar a Copa Libertadores pelo Jorge Wilstermann.

A mudança de Tadeu do Rio Branco para a Bolívia, inclusive, se constituiu na maior transação financeira de um jogador do futebol acreano daqueles tempos. Os bolivianos pagaram um valor tão significativo que rendeu até uma matéria na revista Placar. Uma fábula para aquela época!

A aventura do elegante volante amazonense/acreano, porém, tal e qual do seu antecessor Bolinha, durou pouco tempo: somente quatro meses. A desclassificação do time da Copa Libertadores e a contratação de um treinador argentino provocaram uma troca quase absoluta dos jogadores.

De qualquer forma, ainda que sem avançar na competição continental, o Tadeu e o Bolinha acrescentaram esse feito aos seus respectivos currículos. Além deles, que eu me lembre nesse momento, o outro acreano na Libertadores é o Weverton, goleiro do Palmeiras. Mas aí é outro papo!