Como não estou no Acre e como não quis confiar, dessa vez, nos relatos da mídia tradicional para saber os detalhes do jogo do Rio Branco contra o alagoano ASA, na disputa das oitavas de final da Série D, escalei um espião da minha confiança para assistir ao jogo e me “dar o serviço”.
O espião escalado foi o meu irmão mais novo Antônio Augusto Martins Freire, conhecidíssimo no Bar do Mané com Sono, bem como na pista de atletismo do Tucumã, como Toinho Bil, a quem eu sempre recorro quando quero uma opinião abalizada sobre qualquer assunto aleatório.
Precisei atualizar os conhecimentos do Toinho, uma vez que ele, apesar de apaixonado por futebol, deixou de frequentar estádios desde o final da década de 1970, quando jogava na lateral do juvenil do Juventus e teve um gol anulado pelo auxiliar conhecido pela singela alcunha de Porco Russo.
Pra se ter uma ideia de como o meu mano Toinho Bil estava desatualizado com respeito ao elenco do Rio Branco que disputa a Série D de 2022, ele chegou a me perguntar se o ataque do Estrelão ainda era formado pelo quarteto Evandro, Danilo Galo, Bruno Couro Velho e Roberval.
Respirei fundo e expliquei-lhe que nenhum desses antigos craques ainda estava em atividade. E completei a informação dizendo-lhe que dois dos citados (Evandro e Couro Velho) sequer ainda estavam entre nós. E que, a essa altura, jogam numa seleção de celebridades nos campos celestiais.
Tudo esclarecido, preto no branco, tintim por tintim, o Toinho muniu-se com uma enorme bandeira adornada por uma estrela vermelha, devidamente enfiada numa vara de bambu, e foi para o Florestão pouco depois de meio dia, logo após almoçar uma rabada afogada em tucupi.
Com tanto zelo e conhecimento acumulado, o Toinho Bil me mandou, cedo da manhã de segunda-feira, um relatório completo do jogo, via WhatsApp, com direito a vídeo, áudio e coisa e tal. De acordo com ele, o confronto foi “pau a pau”, mas o Rio Branco teve as melhores chances.
“Rapaz, meu irmão mais velho”, disse o Toinho, “o Rio Branco poderia ter vencido se tivesse um esquema tático que permitisse ações equilibradas por ambos os lados do campo. Mas, ao contrário disso, o que eu vi foi um time torto, teimando em atacar apenas pelo seu lado direito.”
“Quanto ao ASA, o time não é essa Brastemp toda não. Os caras vieram pra empatar. Não mostraram nadica de nada. Montaram um ferrolho e depois que tiveram dois jogadores expulsos passaram a jogar no sistema nove e quinze, só tocando a bola para os lados”, falou e disse o Toinho Bil!