Tirei férias. Todas as vezes em que o meu editor Manoel Façanha entra de férias, eu pego uma carona na folga dele. Tirar férias é tudo o que um preguiçoso como eu precisa para ficar vendo o mundo passar pela janela. O problema é quando as férias acabam. A máquina precisa pegar no tranco.
Outra coisa. Quem me conhece e sabe que eu sou aposentado deve estar estranhando essa história de tirar férias. Mas é que eu sou aposentado somente dos compromissos de um trabalho regular, com hora pra bater ponto etc. e coisa e tal. O show, porém, como dizem por aí, esse “deve continuar”.
E então, como nem só de espinhaço estendido numa boa rede nordestina vive um homem, eis que, pra não ficar marcando passo sem sair do lugar, dei uma esticada do Ceará ao Rio de Janeiro. Que coisa linda é essa terra carioca, que faz a gente estender o olhar para além do horizonte.
Amarrei meu burro (talvez fosse melhor dizer “atraquei minha jangada”, mas vá lá que seja) na Barra da Tijuca. Eu, em toda a minha história pregressa, só havia estado na Barra umas duas vezes. Eu achava muito longe. Agora, entretanto, entendi que longe é um lugar que não existe.
Muito bom isso aqui. E esse não é um sentimento só meu. Tanto que andei postando umas fotos numas redes sociais e choveram declarações de amor à Cidade Maravilhosa. Quando faz sol, a areia e as ondas como que emitem um apelo irresistível para a gente se deixar levar ao sabor do vento.
Por falar nisso (vocês não vão acreditar), eu até comprei uma tanga de crochê, daquelas ao estilo Fernando Gabeira, para desfilar entre os postos sete e oito da Av. Lúcio Costa. Mas só comprei, viu? Ainda não bebi vinho suficiente para usar a indumentária. Acho mesmo que não vou usá-la. Kkk.
Só não fui ainda ao Maracanã. Aliás, faz muito tempo que não vou a um estádio. Os estádios andam muito cheios e eu não gosto de multidão. Na época dos meus estudos de doutoramento, descobri que a psicologia das multidões é quase sempre a da violência. E isso a gente tem visto toda hora.
Os torcedores passaram muitos meses sem poder ir aos estádios. E agora que a pandemia diminuiu o ritmo da contaminação e que os estádios foram reabertos, todo mundo quer descontar o tempo perdido. Desse jeito, eu prefiro ficar vendo tudo pela televisão. Em casa eu vejo o gol e o replay.
Sim, devo dizer, por último, à guisa de encerramento dessas mal traçadas de hoje, que comprei o álbum de figurinhas da Copa. Deleguei à minha mulher Maria a tarefa de preencher a peça. Eu só supervisiono. E troco as repetidas com os meninos do bairro. Voltar à infância é bom demais!