A CBF quer criar 15 centros de treinamento para formar jogadores de base. Mas o que não falta é instituição pelo Brasil afora com campos de futebol. Seria mais sensato estabelecer convênios com agremiações para desenvolvimento de possíveis futuros atletas profissionais, aplicar dinheiro na melhoria da infraestrutura dos espaços e principalmente fiscalizar as ações.
O anúncio da CBF de construir 15 centros de treinamento para crianças, como cumprimento de promessa pós-Copa aos estados que não receberam jogos do Mundial, é uma ação de resultado duvidoso. Vão gastar R$ 250 milhões para fazer os CTs com a justificativa de legado da Copa do Mundo, seguindo orientação da Fifa. A ideia é trabalhar com crianças com faixa etária em que clubes não as podem vincular formalmente. Espera-se envolvimento de pelo menos 10 mil delas.
A promessa é montar esses CTs com tudo necessário para o desenvolvimento das crianças, de médicos a treinadores, com departamentos e campos. Uma estrutura cara, portanto.
Por outro lado, existem várias instituições trabalhando com crianças (a maioria carente) na fase de pré-contrato profissional (entre 10 e 16 anos) e que tem o futebol como desenvolvimento social e educacional – eventualmente, pode-se pinçar um aqui, outro ali com chances de se tornar atleta profissional; basta a CBF, federações e clubes focarem nisso.
Vai se construir os centros de treinamento, gastando de R$ 10 a R$ 15 milhões para erguer cada um, e ainda fazer a manutenção e operação. Por que não se aproveita a infraestrutura já existente, melhorando-a, ampliando-a e adaptando-a ao futebol de base?
Clube de futebol não é um lugar confiável para fazer acordos desse tipo, mas a CBF deveria ter tentado realizar seu projeto em parceria com entidades e grupos de não atuação com o futebol profissional – caso de instituições de ensino públicas e privadas, organizações não governamentais e fundações. Poderia ter aperfeiçoado o projeto de quem tenta há anos o mesmo que a CBF pretende agora tocar por sua conta e risco.
Há uma mania no País, difundida na política, de que uma das maneiras de mostrar serviço é fazendo obras, sem preocupação de otimizar recursos (sempre escassos) em um País tão carente.
Mas a CBF optou pelo caminho próprio, visando colocar as federações dos estados que receberão os CTs em evidência, já que elas terão ingerência sobre esses centros. Mais politiqueiro que isso, impossível!
Augusto Diniz