Outra excursão

Escrevi na crônica passada sobre uma excursão do simpático time do São Francisco ao município de Sena Madureira, distante 140 Km da capital Rio Branco, oportunidade em que a equipe católica fez a viagem num caminhão velho, daquele do tipo que se balançasse muito perdia as portas.

No caso dessa referida excursão, o caminhão que transportava os jogadores do São Francisco não chegou a perder nenhuma das portas. Mas, isso sim, perdeu o tanque de gasolina, depois de bater numa cratera das muitas que abundavam na BR-364. Não havia asfalto, só mesmo buracos!

Ao ler a tal crônica, o lateral-esquerdo Zé Pinto, que integrou a delegação do São Francisco naquela oportunidade, me mandou uma mensagem contando um episódio acontecido durante outra excursão ao mesmo município de Sena Madureira. Desta feita com o time do Andirá.

De acordo com o Zé Pinto, que felizmente pendurou as chuteiras cedo para se dedicar às lides forenses, tudo aconteceu em meados da década de 1970, quando o Andirá, conhecido nas boas rodas como “Morcego da Cadeia Velha”, foi convidado para disputar um amistoso na capital do Iaco.

Abro aspas para o citado personagem: “(…) o nosso jogo era com um time chamado Grêmio. O campo de futebol ficava ao lado da igreja católica e nas proximidades de uma escola, sendo que entre o gramado e os torcedores não havia barreira alguma. Qualquer um se quisesse podia invadir o campo.”

Continuando a narrativa. “O nosso time era muito bom. Eu não lembro da escalação, mas sei que tinha gente do porte do atacante Amenu, que por sinal foi meu camarada de serviço militar; do armador Targino, extremamente habilidoso; e do goleiraço Pituba, o homem do salto mortal.”

Ainda no dizer do Zé Pinto. “Nós fizemos dois a zero rápido. Aí o Zé Américo, nosso treinador, sabendo que o pessoal de Sena detestava perder, falou pra gente evitar ir pra cima deles e ficar só tocando a bola. A ordem, por precaução, era não empreender uma goleada. Tirar o pé do acelerador.”

“O problema”, explicou o Zé Pinto, “é que ao ver o Andirá tocando a bola, para trás ou para o lado, o pessoal de lá se irritou mais do que se a gente tivesse tentando fazer mais gols. Aí o pau quebrou. Os caras partiram pra pura ignorância e nós tratamos de fugir. Cada um correu para um lado.”

“Quando a polícia chegou, nós voltamos para o campo. Mas percebemos que faltava o Pituba. Procura daqui, procura dali, eis que o goleiro foi descoberto em cima do telhado da escola. Foi preciso chamar os bombeiros para descê-lo de lá. E aí ficou o mistério de como ele chegou ali.”