A rivalidade regional entre Rio Branco e Clube do Remo terá um novo capítulo a partir de fevereiro 2015, isso se o campeão local não desistir da disputa da II Copa Verde, como ventila a diretoria do clube.
Nas últimas duas décadas, o Rio Branco virou uma espécie de algoz para o Leão paraense. O maior feito ocorreu na conquista da Copa Norte/1997. Depois de um empate sem gols no Acre, o Rio Branco acabou conquistando de forma invicta (4 vitória e 2 empates) o torneio regional e, assim, silenciando em pleno Mangueirão 40 mil vozes.
Comanda do título da Copa Norte
Um personagem pra lá de importante na conquista deste feito para o futebol acreano é o carioca José Marcello Altino, de 71 anos, apelidado de Mago pela crônica esportiva acreana. Foi ele, juntamente, com o então presidente estrelado Sebastião de Melo Alencar responsáveis direto pela montagem daquele vitorioso time, que ainda faria história na disputa da Copa do Brasil daquele ano (décimo colocado), ao eliminar em pleno Serra Dourado, o poderoso Goiás.
Procurado para falar do maior feito do futebol local, ocorrido há pouco mais de 17 anos, Marcello Altino abriu o sorriso e lembrou de vários momentos, antes e durante a partida decisiva. Para ele, a soberba dos jogadores do Clube do Remo acabou virando o combustível ideal para ele motivar seus jogadores.
– Como estávamos hospedados no mesmo hotel (Sagres) da delegação do Clube do Remo, era natural os jogadores se cruzarem pelos corredores e refeitório do hotel. No entanto, os remistas menosprezavam nossos atletas, assim durante horas conseguir usar tudo aquilo a nosso favor para incentivar nossos jogadores a mostrar sua capacidade diante de um adversário cheio de soberba.
Escalação
Marcello Altino lembra que o Rio Branco entrou na decisiva partida sem quatro titulares: Testinha, Biro-Biro, Valtemir e Romilton. Os titulares daquela partida formaram com: Alex, Ronaldo Paraíba, Jorge, Marcelão e Luís Carlos Acreano; Cícero, Ico e Luís Henrique; Bala, Venícius e Palmiro.
No primeiro jogo das finais, ocorrido no José de Melo, um empate sem gols deixou o Clube do Remo com o título bem encaminhado, isso pelo fato de jogar o segundo confronto das finais em casa com o calor de sua torcida. Na véspera do embarque para Belém-PA, a desconfiança era grande em relação a uma conquista do Estrelão. O então presidente alvirrubro Sebastião de Melo Alencar, com o coração dividido entre Rio Branco e Clube do Remo, estava muito pessimista com o resultado positivo a agremiação acreana.
Confiança
Por outro lado, Marcello Altino não se dava por vencido e não cansava de afirmar na imprensa local e para torcida que retornaria de Belém com o troféu de campeão.
Chegado o dia do jogo decisivo, 5 de maio de 1997, uma leve chuva caiu na capital paraense. Um fator favorável ao clube paraense, assim pensavam os analistas de plantão, em especial a crônica esportiva paraense, pois os azulinos eram acostumados a jogar naquela situação. No entanto, não era bem assim. Naquele mesmo ano, a capital acreana viveu um dos piores períodos chuvosos, inclusive, registrando a maior alagação de sua história. A pré-temporada do Rio Branco foi realizada em baixo de muita chuva e boa parte dos jogos da Copa Norte e Copa do Brasil com o gramado pesado. O condicionamento físico da equipe, na responsabilidade do professor Maurício Generoso, era espetacular, lembra Marcelo Altino.
Melhor ataque é a defesa
Momentos antes da bola rolar, Marcelo Altino surpreendeu, armando o Estrelão com três atacantes: Bala, Venícius e Palmiro. Ou seja, o treinador mostrava que não estava disposto apenas a se defender naquela decisiva partida, lembrando aquela velha máxima do futebol que a melhor defesa é o ataque. E foi justamente isso que aconteceu. Um Rio Branco atrevido e jogando com personalidade dentro do Mangueirão, saindo de campo com o maior triunfo do futebol acreano: o título da Copa Norte, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Clube do Remo, com gols de Venícius e Palmiro. Edil descontou para os paraenses.
Copa Conmebol
O título ainda rendeu ao Rio Branco FC uma inédita participação na Copa Conmebol, quando o Estrelão enfrentou em jogo de ida e volta Tolima, da Colômbia. Uma derrota fora de casa por 2 a 1 e uma vitória em casa, levou a decisão da vaga para as cobranças de penalidades vencida pelos colombianos, em pleno José de Melo.
OS NÚMEROS DA COPA NORTE
10 |
PARTICIPANTES |
22 |
JOGOS |
48 |
GOLS |
2,18 |
CLASSIFICAÇÃO
PARTICIPANTES | PG |
1º Rio Branco (AC) | 14 |
2º Remo (PA) | 13 |
3º Ji-Paraná (RO) | 8 |
4º Imperatriz (MA) | 7 |
5º Nacional (AM) | 5 |
6º Independência (AC) | 3 |
7º Ypiranga (AP) | 3 |
8º 4 de Julho (PI) | 2 |
9º Tuna Luso (PA) | 2 |
10º Baré (RR) | 1 |
Estrelão goleia e Remo cai para a 4ª Divisão
Os últimos confrontos envolvendo Rio Branco e Clube do Remo não têm sido nada fáceis para o time paraense. Na última vez que os azulinos estivem frente a frente com o Estrelão, na disputa do Campeonato Brasileiro da Série C, em 2008, tomaram um sacode de 3 a 0 e acabaram rebaixado para a 4ª Divisão, onde permanecem até o hoje.
Manoel Façanha