Mesmo perto de ganhar o título da Série C, a melhor conquista o Paysandu já teve: voltou à Série B. Como é importante ter um clube da região Norte na segunda mais importante divisão do futebol brasileiro.
Melhor ainda se estivesse galgando para a primeirona, tão elitista que às vezes tenho receio de chamar de Campeonato Brasileiro – mais parece um torneio Sul-Sudeste, com a presença de penetras do Nordeste e do Centro-Oeste.
A Segundona, mais de acordo com o uso da expressão Campeonato Brasileiro, ainda pecou esse ano sem um time da região Norte, assim como aconteceu em algumas edições, desde quando se transformou em uma competição por pontos corridos.
O time do Cruzeiro conquistar de novo o Brasileiro é até menos importante nesse momento em que o Brasil precisa conhecer seu próprio nariz, seu próprio umbigo. O Paysandu (PA) lá, de certa forma, põe as coisas no lugar. Assim como já fez o Remo (PA) e o São Raimundo (AM), para citar apenas alguns clubes com passagem na Segundona em anos recentes.
Esse fluxo do futebol do Norte à Série B deve perturbar os cartolas do poder central. Ou pelo menos lembra-lo que existe vida futebolística perto da linha do Equador. E não é só no Pará, no Amazonas, mas também no Acre, em Rondônia, no Amapá, em Roraima, em Tocantins.
Caramba, porque não se trabalha para tornar esse movimento nortista no futebol brasileiro constante, perene, permanente. Não adianta comemorar entre sorrisos amarelos e falsos (porque preferia ver um clube do interior paulista no lugar) a presença do Paysandu na segunda divisão. É preciso abraçar a causa com seriedade.
O Norte é a grande promessa de construção de um novo País, junto com o Nordeste. Não é um vidente que diz. Estão nos números, nos avanços comprovados, na cabeça de quem enxerga além da Avenida Paulista.
Que suba de novo o Remo, o São Raimundo, o Rio Branco, se possível todos juntos. Não é só assim que se justificaria chamar o Campeonato Brasileiro de realmente um Campeonato Brasileiro? Então que se estabeleça isso.
Augusto Diniz