Mais um craque das décadas de 1960 e 1970 do futebol acreano se muda para o andar de cima. Em outras palavras, foi mais ou menos isso que me disse na manhã desta terça-feira (25) o amigo Toinho Martins, ao irromper na minha sala de trabalho para comunicar o falecimento do ex-lateral (direito e esquerdo) Otávio Araújo da Silva, o famoso Lunguinha.
Acometido de um problema hepático, o Otávio sai da vida, mas fica na história. De 1967 a 1979 foram treze anos de muito vigor barrando as investidas dos ponteiros adversários, defendendo as cores, ora do Juventus, ora do Independência. Em ambos os times, levado pela família Mansour: Elias o levou para o Juventus e Eugênio o levou para o Independência.
Sobre o seu início como jogador de futebol, Otávio me contou num desses dias que já se vão remotos e perdidos nas brumas do passado, que tudo aconteceu depois que o professor Elias Mansour, maior dirigente da história do Juventus, o viu batendo uma pelada no Colégio dos Padres (Meta hoje). Transcorriam os últimos dias de 1966 e Otávio tinha 15 anos.
Entre 1967 e 1969, Otávio alternou exibições tanto na equipe de juvenis quanto titular do Clube da Águia. “O mais interessante”, disse-me ele numa das nossas muitas conversas, “é que, por ser destro, eu entrei no Juventus para jogar na lateral-direita. Acabei tendo que jogar na esquerda, porque na minha posição original jogava um craque chamado Zé Bestene”.
Em 1970, Otávio se mudou do Ninho da Águia para o Marinho Monte. Eugênio Mansour, irmão de Elias, estava juntando um punhado de bons jogadores para conquistar um título que há sete anos teimava em fugir das mãos dos tricolores. Na ideia do dirigente, Otávio se encaixava como uma luva numa defesa que já contava com Chico Alab, Deca e Palheta.
No Tricolor de Aço, Otávio teve a ventura de jogar ao lado de uma legião de craques lendários do futebol acreano. Casos, por exemplo, além dos já citados no parágrafo anterior, de Bico-Bico, Aldemir Lopes, Escapulário, Bebé, Flávio, Zé Augusto, Illimani, Melquíades, Heró, Jangito, João Carneiro, Ociraldo, Airton, Nostradamus… Gente boa demais!
Em cinco anos com a camisa do Independência, Otávio foi campeão estadual três vezes (também, com essa turma toda que eu citei anteriormente, era quase covardia, né não?): 1970, 1972 e 1974. Depois disso, em 1975, ele resolveu fazer o caminho de volta, rumo ao Juventus, onde ficou até 1979, sagrando-se campeão mais duas vezes: 1975 e 1976.
Otávio, mesmo não tendo se notabilizado como jogador de fino trato com a bola, sempre fez parte dos melhores elencos da terra seringueira. Tinha sempre uma vaga pra ele entre os craques de refinada estirpe. Tanto que em 13 anos de carreira, ele levantou oito taças de campeão: cinco entre os titulares e três entre os juvenis. Que Deus o tenha em bom lugar!
Francisco Dandão