Tudo igual no Grupo 1 do Campeonato Brasileiro da Série D. Cada time jogou duas vezes, venceu uma e perdeu a outra. O fator casa tem se mostrado preponderante. Os anfitriões vencem, enquanto os visitantes são derrotados. E assim, todos estão mais ou menos do jeito como começaram.
Na primeira rodada, em Macapá, às margens do majestoso rio das amazonas (lendárias mulheres guerreiras), o Trem bateu a paraense Tuna Luso. Jogo duríssimo. O placar apertado (um gol a zero) traduz o que foi esse combate. Foi daqueles jogos, como diria o poeta, resolvidos no detalhe.
Em Marabá, na confluência dos rios Itacaiúnas e Tocantins, o Águia venceu o amazonense Princesa do Solimões. Vitória contundente, com autoridade, sem margem para contestações. Os três a zero do placar confirmam isso. Placar clássico, do tipo daqueles de dar confiança à torcida.
Já em Manaus, capital da antiga Zona Franca, onde se come o melhor tambaqui do Brasil, mas, para não fugir à metáfora fluvial, às margens do rio Negro, o tradicionalíssimo Nacional, dirigido pelo conhecido João Carlos Cavalo, meteu três gols contra um no Humaitá, vice-campeão acreano.
Enquanto isso, em Rio Branco, cidade banhada pelas águas barrentas do rio Acre, que de vez em quando saem do leito, o São Francisco derrotou o roraimense São Raimundo, que era, a julgar pelos últimos resultados, o favorito para sair na frente pelas vagas à próxima fase da competição.
Aí veio o segundo round. A esperança dos que venceram na primeira rodada era continuar triunfando. Iam jogar fora de casa, quando um empate é sempre considerado um bom resultado (ganhar em casa, empatar fora, eis a fórmula mágica). Não foi isso, porém, o que acabou por vir a acontecer.
Tudo, então, se inverteu. O Águia foi a Boa Vista e tomou um pau do São Raimundo. O Trem viajou à Rio Branco e não viu a cor da bola contra o Humaitá. O Nacional foi à Belém e dançou um carimbó diante da Tuna Luso. E o São Francisco ainda está tonto depois da goleada que levou do Princesa.
No próximo final de semana, se continuar nessa pegada, o Nacional vai vencer o Princesa do Solimões; o Águia de Marabá vai levar a melhor sobre o Humaitá; o São Raimundo vai ganhar do Trem; e o São Francisco vai bater a Tuna Luso. Isso, falando por um raciocínio do tipo cartesiano.
O futebol, entretanto, não é (nem nunca foi) regido por raciocínios cartesianos. Se assim fosse, não existiria o instituto da “zebra”. Dependendo da posição dos astros no espaço sideral, por uma razão qualquer, ou por razão nenhuma, os visitantes podem “virar bicho” e jantar os anfitriões. Ou não?