Parceria entre os três jornalistas resulta em segundo livro com tema voltado ao jornalismo esportivo (Foto: Duaine Rodrigues)

Nova obra literária destaca histórias de esportistas do futebol acreano

Livro “Personagens do Futebol Acreano”, dos jornalistas Augusto Diniz, Manoel Façanha e Francisco Dandão, foi lançado nesta segunda-feira (15), em Rio Branco

banner-logo-araujoRio Branco, AC – Uma parceria que deu certo e segue rendendo frutos, ou melhor, livros. A história da amizade entre os jornalistas acreanos Manoel Façanha e Francisco Dandão e o também jornalista carioca Augusto Diniz ganhou novas páginas na tarde desta segunda-feira (15), com o lançamento do livro “Personagens do Futebol Acreano”, obra que contém 21 textos que tratam de pessoas que fizeram parte do esporte no Acre. A apresentação da obra foi realizada na Livraria Paim, no Centro de Rio Branco, capital do estado.

Segundo Augusto Diniz, a produção apresentada nesta segunda tem como finalidade destacar aqueles esportistas que nasceram no Acre ou criaram raízes no futebol do estado, linha editorial diferente da obra produzida anteriormente, quando foram publicadas crônicas sobre futebol.

– O trabalho que lançamos no ano passado eram crônicas sobre futebol, tanto do Acre quanto do Brasil e do Mundo. Esse novo livro são memórias, 21 textos que tratam de personagens do futebol acreano. Temos depoimentos de ex-jogadores, atletas ainda em atividade, técnicos, dirigentes. A ideia é reunir, guardar esse trabalho de profissionais. Embora fazer livro pareça remar contrário à maré, a intenção é produzir um arquivo do trabalho, daquilo que está sendo resgatado.

Augusto Diniz é carioca e há seis anos começou a se interessar pelas histórias do Acre (Foto: Duaine Rodrigues)
Augusto Diniz é carioca e há seis anos começou a se interessar pelas histórias do Acre (Foto: Duaine Rodrigues)

Augusto Diniz reside em São Paulo, é jornalista há 20 anos, com experiência no jornalismo esportivo na cobertura das Olimpíadas de Pequim (2008). Ele visitou todos os estádios da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, durante grande reportagem produzida na qual percorreu, de ônibus, mais de 6 mil quilômetros. Editor executivo de uma revista mensal dedicada à área de construção civil e engenharia, escreve de futebol à política e destaca que a amizade com Manoel Façanha e Francisco Dandão surgiu há pouco mais de seis anos, asism como o interesse pelo Acre.

– Vim no Acre umas seis vezes e foi quando criei uma amizade com o Dandão e com o Façanha. O interesse é pelo Acre, o esporte é um item importante, mas acho que é um Brasil que me fascina, emociona, é muito cru, do jeito que gosto. Me sinto bem e acho que nas grandes cidades mudamos muito, mas às vezes é muito agressivo – relatou.

Livro tem 200 exemplares e não será comercializado; será distribuído aos personagens da obra, imprensa esportiva e amigos, além de ficarem disponíveis em bibliotecas da capital (Foto: Duaine Rodrigues)
Livro tem 200 exemplares e não será comercializado; será distribuído aos personagens da obra, imprensa esportiva e amigos, além de ficarem disponíveis em bibliotecas da capital (Foto: Duaine Rodrigues)

Também autor do livro, o presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Acre (Acea), Manoel Façanha, ressaltou a importância de resgatar e manter viva a história do futebol e do esporte acreano. Segundo ele, planos para novas produções existem, mas ainda não há como precisar qual será a linha editorial utilizada.

Jornalistas Manoel Façanha e Augusto Diniz destacam importância de manter viva a memória do esporte acreano (Foto: Duaine Rodrigues)
Jornalistas Manoel Façanha e Augusto Diniz destacam importância de manter viva a memória do esporte acreano (Foto: Duaine Rodrigues)

– O grande objetivo é o resgate de memórias de personalidades que fizeram o esporte acreano durante muitas décadas. Temos personagens da década de 50, como o Tião Araújo, e também dos dias atuais, como o Weverton, Testinha, Ancelmo. Isso vai servir para que as futuras gerações possam conhecer quem fez o futebol acreano. O esporte ou qualquer entidade vive também da memória. Temos planos de, a cada fim de ano, resgatar a memória do esporte acreano. Mas é algo árduo, difícil conseguir patrocínio. No entanto, é uma missão gratificante que, dessa forma, mantém vivo o esporte. Agradecemos a todos que contribuíram para que essa obra fosse levada a público – afirmou.

O jornalista Francisco Dandão comentou sobre o atrativo da produção, pois cada uma das 21 histórias contadas, segundo ele, tem características peculiares, distintas umas das outras. Segundo ele, a preservação desses personagens é uma forma de respeito ao que fizeram pelo esporte acreano.

Jornalista Francisco Dandão destaca que cada personagem tem uma história peculiar (Foto: Duaine Rodrigues)
Jornalista Francisco Dandão destaca que cada personagem tem uma história peculiar (Foto: Duaine Rodrigues)

– A nossa intenção é que esses livros de memórias sirvam para preservar um pouco do nosso passado. De um modo geral, o jogador de futebol ou dirigente, quando sai daquela função, perde visibilidade e é esquecido. Então, tentamos contribuir para que essas pessoas que foram tão importantes no nosso passado, não sumam de vez da nossa história, da nossa sociedade. Cada personagem tem uma história peculiar. Temos o exemplo de quem sobreviveu como treinador de futebol no Acre quando o esporte ainda era amador (Ariosto Miguéis). Outro de atleta carioca de Volta Redonda, que passou pela base do Vasco, não teve chance no time de cima e migrou para Rondônia, depois para Rio Branco e até hoje está o Acre (Merica). São figuras com histórias distintas que, se alguém sabia, talvez já tenha esquecido e muitas vezes nem souberam – concluiu.

Com 200 exemplares, a obra traz outros personagens, como o goleiro Weverton, do Atlético-PR, o meia Ancelmo, do Boavista-POR, Ariosto Miguéis (ex-técnico), Illimani Suares (atual presidente do Rio Branco), Ico (ex-zagueiro e ex-técnico do Rio Branco) e outros atletas que já desfilaram em gramados do Acre. Segundo os jornalistas, o livro não será comercializado. Os exemplares serão distribuídos aos personagens da obra, imprensa esportiva e amigos, além de ficarem disponíveis em bibliotecas da capital.

Ex-treinador abre obra: “é uma honra”

Ex-treinador Ariosto Miguéis exibe página com entrevista publicada no livre "Personagens do Futebol Acreano" (Foto: Duaine Rodrigues)
Ex-treinador Ariosto Miguéis exibe página com entrevista publicada no livre “Personagens do Futebol Acreano” (Foto: Duaine Rodrigues)

O ex-treinador Ariosto Miguéis, de 79 anos, que comandou equipes como Andirá, Rio Branco e Atlético-AC, entre a década de 70 e início da década de 80, prestigiou o lançamento do livro e falou sobre a oportunidade de se ver estampando as primeiras páginas da obra.

– É uma honra me colocarem como primeiro personagem do livro pelo período que passei no esporte acreano. São obras dessa qualidade que não deixam nosso esporte morrer. É um prazer estar aqui, colaborando com minha humilde presença, mas honrado por fazer parte dessa obra – afirmou.

Ariosto Miguéis é pai do treinador Álvaro Miguéis, que esteve no Rio Branco no início do ano, mas acabou deixando o clube antes mesmo do primeiro jogo da temporada. Na década de 60, antes de iniciar a carreira como treinador no Acre, ele exerceu funções como prefeito do município de Plácido de Castro, superintendente da Polícia Agrária do Estado do Acre, superintendente do Serviço Rural do Estado do Acre, chefe de gabinete da Prefeitura de Rio Branco (gestão de Aníbal Miranda) e fiscal de rendas municipais, além de ter seus direitos políticos cassados durante o período do golpe militar.

Duaine Rodrigues, GloboEsporte.com