Segundo artilheiro do Brasil

Publiquei um dia desses, numa página na Internet, uma fotografia do Independência, campeão acreano de 1974. Aquele time fantástico formava dessa maneira: Zé Augusto; Chico Alab, Palheta, Deca e Flávio; Escapulário, Aldemir Lopes e Augusto; Bico-Bico, Rui Macaco e Júlio César.

Numa retrospectiva de memória, passei a lembrar das características desses jogadores. E foi assim que vi as defesas acrobáticas do Zé Augusto, goleiro que um dia da década de 1960 defendeu tanto num amistoso contra o Flamengo carioca que acabou sendo levado para jogar no Rio de Janeiro.

Os laterais Chico Alab (direita) e Flávio (esquerda) eram marcadores implacáveis. E o Chico ainda agregava mais uma virtude: cruzava a bola como poucos. Diz-se, aliás, que ele foi o primeiro lateral do futebol acreano que se aventurou ao ataque, contrariando as orientações dos treinadores.

Os dois zagueiros, Deca e Palheta, esses viraram lendas do futebol acreano do passado. Embora ambos soubessem o que fazer com a bola nos pés, não tinham nenhum pudor em deixar os atacantes com os corpos estendidos no gramado. Passar pelos dois era missão quase impossível.

Os três caras do setor de meio campo, Escapulário, Aldemir Lopes e Augusto, esses eram verdadeiros artistas da bola. Com um detalhe: nenhum deles era volante. Com a dupla de zaga que tinham atrás de si, eles não se preocupavam em defender. Voltavam apenas para cercar os adversários.

O Escapulário, que nasceu no interior do Pará e veio migrando rumo oeste até ancorar seu barco às margens do rio Acre, de tão habilidoso era chamado de bailarino. O Aldemir Lopes jogava de cabeça erguida. E o Augusto sempre antevia os lances, dada a sua extrema rapidez de raciocínio.

No ataque, Bico-Bico, na direita, e Júlio César, do lado esquerdo, eram dois demônios. Exímios dribladores e velocistas, eles causavam sérios pesadelos nos laterais escalados para enfrentá-los. Um detalhe insólito das biografias desses dois virtuoses da bola era o de que ambos tomavam todas.

Por último, o centroavante Rui Macaco, que eu entrevistei num dia qualquer de 2003. Veloz e rompedor, ele me falou de dois aspectos curiosos da sua carreira: sobre o seu apelido, que não tinha conotação depreciativa, e sobre a sua condição de um dos maiores goleadores do Brasil em 1974.

Sobre o apelido, ele disse que era por conta da sua habilidade para escapar dos sarrafos inimigos. Os caras batiam, mas não o acertavam porque ele sempre saltava por cima das pancadas. E sobre a artilharia que, no seu dizer, em 1974 ele só fez menos gols do que o famoso Dario “Peito de Aço”!