Os vários anos como espectador, além das inúmeras entrevistas que já fiz com ex-jogadores de futebol, me ensinaram que existem três maneiras de um zagueiro marcar um atacante. Primeira: por antecipação. Segunda: por espera do momento certo para dar o bote. Terceira: atropelando o inimigo.
Na maneira por antecipação, o tal inimigo não pode pegar na bola. O defensor tem que estar ligadíssimo, antevendo o momento do passe, para chegar na frente, seja como for, dando um biquinho na bola para a lateral, ou dominando-a para sair jogando da forma o mais elegante possível.
No caso da espera para dar o bote, o zagueiro fica com o olho fixo na bola e nos movimentos do atacante. Quando a bola escapa por alguns centímetros, o zagueiro vai lá e a rouba. Aqui, tal como na antecipação, as opções do zagueiro são tocar a bola para a lateral ou sair jogando limpo.
Já no que diz respeito ao atropelo do adversário, esse é um jeito mais usado pelo zagueiro que não tem muita paciência para esperar dar o bote ou recurso para ler o lance e proceder a antecipação. Matar a jogada, sem se preocupar com um eventual cartão. É canela pra um lado e bola pra outro.
Em meados de 2015, numa tarde em que entrevistei o ex-zagueiro amazonense Palheta (falecido de Covid em 2020), que brilhou nas décadas de 1960 e 1970, no futebol acreano, com as camisas do GAS e do Independência, ele me disse que o método dele era o do atropelamento.
“Quando eu tava com a bola nos pés, saía jogando na boa, tocando com categoria. Mas, quando o atacante vinha na minha direção, eu não contava conversa, chegava junto mesmo… A questão é que eu entrava sempre pra ganhar o lance… Eu era duro sem a bola”, disse o Palheta.
Palheta, inclusive, naquela oportunidade da nossa entrevista, fez um breve comentário ao que ele considerava um ponto fraco de um zagueiro lendário do futebol acreano chamado Mozarino. De acordo com ele (Palheta), Mozarino preferia dar espaço para o adversário, andando para trás.
Cheguei a ver o Mozarino em ação, nos últimos anos dele dentro das quatro linhas. Vi e posso afirmar que isso de “dar espaço ao adversário” era apenas o jeito dele de tomar a bola sem fazer falta. Mozarino era um jogador “clássico”, lindo de ver jogar. Irmão do Deca, que batia mais do que martelo.
Todas essas maneiras de marcar, quando executadas à perfeição, são uteis aos clubes dos respectivos defensores. Da minha parte, eu prefiro os zagueiros que antecipam ou dão espaço. Inclusive porque eles não correm o risco de desfalcar os seus times por levarem cartões. É a minha preferência!