Nascido na cidade paulista de Vera Cruz, José da Silva Oliveira era filho de um “marmiteiro”.
Com 12 anos, já morando em Aquidauana, no Mato Grosso, cabia a ele entregar as “quentinhas” para os soldados de um quartel perto da casa da família.
Eram quase 150 por dia.
Quase que diariamente sempre havia alguma reclamação sobre a ausência de bife em algumas delas.
Após certa pressão, o menino acabou confessando o “crime”.
A mãe quase perdeu os clientes, quanto ao menino, ganhou o apelido de Bife.
Foi com este nome que ele marcou história no futebol brasileiro.
O começo foi em 1968 no LS de Campo Grande, equipe do futebol amador, onde se destacou por marcar muitos gols.
Seu primeiro contrato profissional foi com o Operário de Várzea Grande em 1971.
Foi vice-campeão logo no seu primeiro ano e bicampeão nos anos seguintes, 1972 e 1973.
Seus gols chamaram a atenção do Atlético Mineiro, do técnico Tele Santana, que contava com ele para substituir o atacante Dario, o Peito de Aço, em 1974.
Destacou se em alguns coletivos, até que foi abordado por um dirigente do Galo, quanto à necessidade de mudar seu nome.
Segundo ele, “… não fica bem o Atlético ter no seu time um jogador com nome de carne de vaca…”.
Bife não deixou por menos e respondeu: “…gosto do meu apelido e não vou mudá-lo por nada neste mundo…”
Resultado: foram apenas 10 dias no Atlético.
Acabou no Comercial de Campo Grande para participar do Campeonato Brasileiro de 1975.
Em 1976 foi contratado para atuar no maior rival do Operário, o Mixto.
Viveu grandes momentos na equipe de Cuiabá.
Muito habilidoso e artilheiro, Bife sempre foi sondado para sair de Mato Grosso, mas seu temperamento nunca ajudou muito.
Em 1978 foi emprestado para atuar no campeonato paulista pelo São Bento de Sorocaba, do técnico João Avelino.
Após boas atuações, foi dada como certa sua ida para a Portuguesa, na época do técnico Osvaldo Brandão.
No meio de um treino foi informado que posteriormente falaria com um representante da equipe paulistana.
Grande foi sua surpresa ao ser abordado pelo presidente do XV de Piracicaba, Romeu Ítalo Rípoli, que o intimou: “… a partir de hoje, você é jogador do XV…”
Bife não gostou do comportamento do dirigente e respondeu: “… tenho nome de carne de animal, mas sou gente, sei conversar…”.
Chegando a cidade de Piracicaba, a conversa virou em discussão.
Resultado: em 1979 já estava de volta ao Mixto.
Foi bicampeão estadual em 1979 e 1980.
Seu futebol refinado estava em alta e atraiu o interesse do Futebol Clube do Porto, para onde foi emprestado.
Após fazer uma boa temporada de 1980/1981, foi procurado por dirigentes portugueses que desejavam sua contratação em definitivo.
Sua proposta foi alta, e para a sua surpresa, aceita.
Foi quando uma ligação do dirigente do Mixto o fez largar tudo e voltar para Cuiabá.
Ainda chegou a atuar no Belenenses, mas já em 1983, estava de volta ao Operário de Várzea Grande que pretendia recuperar a hegemonia no estado, novamente após uma polêmica contratação junto ao grande rival da capital.
1983 foi seu último grande ano, artilheiro e campeão do campeonato estadual pela equipe tricolor.
Seus últimos anos no futebol foram marcados por contusões e muitas situações de indisciplina, sobretudo, envolvendo bebida.
O maior artilheiro da história do maior estádio de Mato Grosso, o Governador José Fragelli – o Verdão, com quase 100 gols marcados, parou de atuar como jogador em 1987.
Bife foi um craque caseiro como tantos outros que fazem de sua cidade ou estado, seu mundo.