Uma rodada, dois espetáculos

Francisco Dandão


Reunidos em assembleia geral, os clubes do futebol acreano resolveram que os melhores dias para a disputa do campeonato são a terça e o sábado. É que na quarta e no domingo, como aconteceu no primeiro turno, a concorrência dos jogos transmitidos pela televisão não permitia um público assim, digamos, mais numeroso nas nossas praças esportivas.

O raciocínio, no meu entender foi mais do que correto. Na primeira parte do campeonato deste ano praticamente ninguém foi ver os jogos. Só foi mesmo ao estádio aquele sujeito para quem o futebol nosso de cada dia é uma espécie de ritual sagrado para a devida catarse que alivia as agruras existenciais. Sem torcida, só foram aos estádios algumas testemunhas.

A mudança, entretanto, a julgar por quem continuou não indo ao estádio na rodada de sábado, não parece ter surtido efeito algum. Novamente não foi quase ninguém ver o espetáculo da bola proporcionado pelos nossos virtuoses (forcei um pouco aqui com esse qualificativo, mas vá lá que seja). Praticamente, os times jogaram só uns para os outros.

Os pouquíssimos que foram à Arena da Floresta nesse sábado que recém passou, porém, vão poder se gabar pelo resto da vida de ter constatado, do ponto de vista do esporte acreano, pelo menos duas coisas. Primeira: o caso de amor de um estádio com um jogador. Segunda: o ótimo futebol dos novos reforços do Rio Branco, jogadores da melhor qualidade.

No que se refere ao caso de amor, falo do Marcelo Brás, agora defendendo as cores do Amax, de Xapuri, com a Arena. Ele marcou os dois gols que fizeram o seu time vencer o “semi-lanterna” (neologismo que acabei de criar, não devendo ser repetido em casa, principalmente na frente das crianças) Alto Acre. O veterano artilheiro brilha sempre na Arena!

Quanto aos reforços do Rio Branco, já é a segunda vez que os caras jogam uma bola de ótimo nível. Se na primeira oportunidade houve quem dissesse que o adversário (o Náuas, no caso) era fraco, agora não se pode repetir o pensamento, posto que do outro lado estava o Plácido de Castro, que sempre forma bons times, mas que desta feita tomou um pau de 5 a 2.

E esses pouquíssimos que foram à rodada de sábado vão poder se gabar, também, de ter visto para além dos jogos em si, desenrolando-se ali, ao alcance dos olhos que um dia a terra há de comer (ou um forno queimar, que tem gosto pra tudo), outro tipo de espetáculo (em lugar inadequado, mas tudo bem): uma “big” pancadaria entre jogadores do mesmo time!!!

Pois foi isso mesmo, caríssimo leitor. Não foi sonho de noite alguma de verão de um velhinho que um dia amou Shakespeare, os Beatles, os Rolling Stones e os diamantes eternos do invencível agente 007. Não foi sonho, nem alucinação. Os sujeitos esqueceram a bola e saíram na porrada. Plácido de Castro, o herói, deve estar se revirando no túmulo. Deprimente!