Um dia desses eu recebi um texto do amigo José Renato Santiago, escritor de vários temas e detentor do maior acervo sobre esportes do mundo, inclusive com registro no Guiness Book e tudo, discorrendo sobre um craque com nome de fruta que despontou no futebol cearense na década de 1970.
O craque da narrativa do José Renato se chamava Raimundo Constâncio Neto, nascido em Fortaleza, no ano de 1960, mas todo mundo no âmbito do futebol só o conhecia pelo singelo apelido de Tangerina. O apelido pegou tanto que se alguém o chamasse pelo nome, ele sequer atendia.
Jogando por vários anos pelo Guarany de Sobral, ao lado de outros dois virtuoses de nome Teco-Teco e Birungueta, tudo de acordo com o Zé Renato, o goleador Tangerina quando não era aprovado em algum teste feito num clube grande, ouvia o pessoal dizendo que dele só restava o “bagaço”.
Mas, como uma prosa puxa a outra e deixando o Tangerina de lado, eu fui lendo o texto do Zé Renato e tentando me lembrar dos craques do futebol acreano que também tinham uma fruta como apelido. Casos de dois Goiaba (um meia e outro atacante), do César “Limão” e do Abacate.
Goiaba, como eu disse no parágrafo anterior, eram dois. Um meia do Vasco da Gama, descoberto pelo presidente Almada Brito numa pelada na praia da Base (Copabase, diziam os moradores do lugar), sujeito que jogava muito, e um atacante do juvenil do Rio Branco, que não sabia nada de bola.
O Goiaba do Vasco era daquelas criaturas que jogava de cabeça erguida, bom de drible e que descobria espaços mínimos para municiar os colegas de ataque. Já o Goiaba do juvenil do Estrelão, mais conhecido por ser funcionário do cine Rio Branco, perdia gols até com o goleiro amarrado.
Enquanto isso, o Abacate era um ponteiro-direito, morador do bairro da Seis de Agosto, que despontou como promessa de craque no juvenil do Rio Branco, aí pelos primeiros anos da década de 1970. Driblava como poucos, infernizava os laterais e buscava incessantemente a linha de fundo.
O Abacate, aliás, foi uma promessa de craque que não se cumpriu. Não tenho conhecimento dos motivos pelos quais ele não se tornou titular do Rio Branco. Minha suspeita é a de que ele enfrentou concorrência muito pesada com jogadores oriundos de outros estados e não quis seguir insistindo.
Já o César “Limão”, de grande habilidade e velocidade, esse brilhou com as camisas do Juventus e do Independência, nos anos das décadas de 1980/1990. Passou até um tempo no futebol europeu. Provavelmente, daria um bom trio atacante esse formado por Abacate, Goiaba e César “Limão”!