A medida provisória, em tramitação no Congresso Nacional, de renegociação das dívidas dos clubes e que, em contrapartida, exige mais transparência às agremiações, é ponto crucial.
Dirigentes reclamam de ingerência do governo, embora não paguem suas obrigações. O Bom Senso FC comemora, já que impõe aos clubes sanções severas em caso de não cumprimento de seus deveres.
Mas há hoje outras questões legislativas que geram incertezas sobre o futuro do futebol brasileiro.
Este mês, de acordo com regra da Fifa anunciada no segundo semestre do ano passado, jogadores não podem mais firmar direitos econômicos com investidores.
Grandes clubes brasileiros que estabeleciam parcerias com fundos para contratar jogadores e montar equipes competitivas, estão na berlinda. Mercados com mais dinheiro, como o Europeu, e emergentes do futebol, caso dos Estados Unidos, tendem, com a nova regra da Fifa, olhar mais atentamente às oportunidades no Brasil – leia-se contratar jovens promessas a preço de banana.
A estrutura montada nos últimos anos pelos clubes brasileiros para sobreviver, pedindo ajuda a grupo de empresários na compra e manutenção de atletas na equipe, fatiando percentagem de direitos econômicos, vai chegando ao fim de forma melancólica, sem solução à vista.
É que os clubes continuam reféns da Lei Pelé, que terminou com o passe do jogador nas mãos do clube, dando ao profissional mais autonomia na sua carreira.
O fato é que as agremiações de futebol nas últimas décadas não conseguiram se equilibrar com a Lei Pelé (está mais do que claro que é preciso revisá-la de forma severa), sendo ela, inclusive, apontado por muitos como a maior causadora da restrição dos investimentos dos clubes na base – o pensamento geral de dirigentes resume-se na seguinte pergunta: “Para quê investir na garotada, se ela é livre para fazer o que quiser no primeiro momento em que conquista projeção nos campos – inclusive pedir salário estratosférico a quem o formou?”
A Medida Provisória do Futebol irá mexer com as estruturas dos clubes, se não sair esfacelada pelo conservador Congresso Nacional. Em outra vertente, a associação de jogadores, o Bom Senso, tem ganhado corpo aos poucos, com sua irredutível posição de tentar aprimorar o calendário do futebol brasileiro.
Os clubes parecem preocupados, mas a CBF só pensa na seleção brasileira e na organização de competições, por enquanto. Pode ser que mais um fiasco brasileiro em um torneio internacional faça a confederação se mexer de forma contundente, na direção de salvar os clubes que a sustentam.
Todas essas pontas soltas de novas e antigas regras e padrões irão se convergir em breve em algum momento, para o bem ou para o mal. É aguardar para ver.