Mais um campeonato acreano de futebol profissional chegou ao seu desfecho na noite desse sábado que recém passou. Foi um campeonato de pouca técnica e praticamente nenhum público. Não tenho convicção absoluta se uma coisa tem a ver com a outra. Antes tenho que descobrir quem nasceu primeiro, se o ovo ou a galinha.
Supondo, porém, que uma coisa (pouca técnica) tem a ver com a outra (quase nenhum público), urge uma atitude por parte de todos os segmentos de alguma forma envolvidos na atividade. Os dirigentes dos clubes, as autoridades constituídas, os integrantes da mídia, os membros das torcidas organizadas e o escambau a quatro, todos, indistintamente, devem se mobilizar de forma célere em busca de uma solução.
Esse foi o 27º campeonato da era do profissionalismo, cuja primeira disputa aconteceu no já distante ano de 1989. De lá pra cá muita coisa aconteceu. Teve clube tradicional que tirou o time de campo, teve um crescimento da participação de times do interior do Estado e teve jogador de bom nível se mandando para vender seu peixe em outras freguesias. A indiferença do torcedor, porém, é o que mais chama atenção.
A federação tem feito das tripas coração para fazer o público comparecer aos “espetáculos”. Já arranjou patrocínios particulares para ajudar os clubes, já promoveu show de prêmios, já mudou os horários e os dias dos jogos, já “ofereceu” jogadores de fora do Estado para os times (vocês se lembram disso?) e já trouxe até umas “popozudas” do Rio de Janeiro para rebolar suas belezas no estádio. Tudo em vão!
Há quem diga que a culpa é da televisão, que passa todos os dias jogos dos principais campeonatos do mundo, deixando o espectador/torcedor a um click de controle remoto da arte dos maiores virtuoses da bola. Há quem diga que a culpa e dos dirigentes acreanos que tiveram, lá ainda no finado século XX, a ousadia de acabar com o regime amador. E há também quem ache que falta cachaça nos estádios.
Para mim, nenhuma hipótese se sustenta. Pelo menos não de modo isolado. Permanecer como amadores não havia nenhuma condição disso. Em nenhum Estado brasileiro o futebol permanece no regime amador. Para tomar cachaça, os adeptos vão preferir os bares aos estádios. E quanto à televisão, apesar da comodidade que ela oferece, a minha tese é que ninguém deixa uma paixão em nome de uma distração.
Sobre a ideia de que a solução está no investimento nas divisões de base, também tenho minhas dúvidas. Não que eu tenha alguma restrição quanto aos benefícios de uma ação dessa natureza. Ao contrário disso. É preciso sim investir na garotada. Mas isso não resolve tudo. Inclusive porque os mais talentosos, não sem razão, logo serão levados a jogar em algum lugar que lhes pague um salário maior.
Mas tudo isso que eu disse é só um lado da moeda. O outro lado, o lado do registro histórico, que não pode ser esquecido de jeito nenhum, é o de que o Rio Branco levou mais um troféu de campeão estadual para sua sede. Em 27 campeonatos profissionais, o Rio Branco venceu 15 vezes. Sem dúvida alguma um grande feito!