Com a intenção de agradar suas filiadas (as federações), em um momento crítico e de questionamentos sobre os contratos assinados pela CBF com parceiros, a entidade máxima do futebol brasileiro ampliou a participação de clubes na Série D do Campeonato Brasileiro para 68 times.
Nos últimos meses chegou-se a se cogitar o fim da Série D. Depois, falou-se em contar com 48 clubes – ano passado participaram 40 equipes. No fim, a CBF anunciou 68 times, numa clara demonstração de conquistar as federações em um momento grave de escândalos na confederação.
A maioria dos estados foi beneficiada com mais representantes. Isso é bom por que projeta mais times pelo Brasil, dando oportunidades de participação em campeonatos fora de sua região. E o que é melhor: com despesas de viagem e hospedagem pagas pela CBF, que vinha adotando a medida nos últimos anos também em troca de apoio das federações.
O problema é que mesmo aumentando a Série D para 68, ou até mesmo 100 clubes, as disparidades do futebol brasileiro continuarão as mesmas. Há centenas de times excluídos no País, que seguem participando apenas de deficitários campeonatos estaduais (quando tem recursos), sem nenhuma perspectiva de mudar isso.
A CBF deveria era montar uma estrutura de apoio de organização aos campeonatos estaduais com grande dificuldade de operação. Todos eles, sem exceção, são precários, sem interesse de público e mal organizados.
O desenvolvimento do futebol brasileiro não começa na quarta divisão do Brasileiro, mas na segunda divisão dos estaduais – lembrando que em alguns estados nem isso tem.
É preciso dar suporte de marketing a essas competições em diversas regiões, fomentar acordos de patrocínios e transmissão pela TV, além de treinamento a árbitros e parcerias em que se garanta o fomento e o desenvolvimento do futebol naquela região (mais do que decretar um clube campeão).
As federações deveriam exaustivamente cobrar isso da CBF.