Observando de longe o Campeonato Acreano de 2016, especificamente de São Paulo, vejo com bons olhos a conquista do Atlético-AC. Como já havia acontecido com o Plácido de Castro recentemente, na mesma competição, é um ar novo que sopra por aí – embora o Galo Carijó tenha tido triunfos anteriores no torneio, sua vitória não deixa de quebrar paradigmas e criar significados.
O Rio Branco é o clube disparado mais conhecido do Acre e o terceiro mais lembrado do Norte depois do Remo e Paysandu – pelo menos para quem enxerga o mundo futebolístico, de maneira às vezes obtusas, a partir do Sul do País. É por esse motivo que alegra ver outros times se sobressaindo na região.
Sou defensor contínuo do aumento de equipes em destaque no futebol, ainda que de forma regionalizada. O Estadual costuma ser início desse caminho.
Não há o mínimo desprezo ao Rio Branco. O Estrelão já tem sua história bem escrita no esporte fora de seu Estado de origem – e é, sem dúvida, o maior na retrospectiva de todos os tempos. Caminho esse desenhado de muitas vitórias locais, seguidas de feitos importantes em competições nacionais, que o deram brilho e o colocaram como um clube vencedor.
Mas a conquista do Atlético-AC revigora o Campeonato Acreano, cria competitividade, impõe novos estímulos, abre novas portas, estabelece oportunidades e perspectivas para uma agremiação diferente – já são três outras competições, além das fronteiras acreanas, que o campeão Galo Carijó terá a chance de mostrar por que chegou ao título do Estadual, e se impor em um cenário antes inalcançável; quem sabe ele na escreve uma história inspiradora pelo caminho.
Salta aos olhos também o fato do Atlético-AC ser escalado, em sua imensa maioria, por atletas acreanos. Isso dá subsídios para se apostar ainda mais na formação de atletas, algo que se precarizou por todos os cantos, revelando uma deficiência gritante e generalizada na administração do esporte no País.
O 28º Campeonato Acreano no período profissional ganhou vida, foi além, em um momento em que precisava, quando se fala muito hoje na “espanholização” do futebol brasileiro, com afunilamento de títulos cada ver maior nas mãos de poucos.
Foi bom e é ótimo que seja diferente.