Liga dos Campeões também sofre com a “espanholização”

Depois do Campeonato Espanhol, em que apenas dois times se rivalizam (Real Madrid e Barcelona) e quase sempre ganham o título da competição, agora é a vez das Liga dos Campeões da UEFA sofrer o mesmo fenômeno.

Da temporada 2005/2006 para cá, Barcelona e Real Madrid triunfaram seis vezes no torneio, e outros times da Europa levaram o título em cinco oportunidades. Nos anos mais recentes, como a partir do torneio 2008-2009, os dois clubes espanhóis obtiveram a vitória máxima da Liga cinco vezes. E nas três últimas temporadas, o Real Madrid venceu duas vezes o torneio e o Barcelona, uma.

A prática de Real Madrid e Barcelona revezarem, na maioria das vezes, o título Campeonato Espanhol – e também quase todos os negócios que circulam em torno da competição, incluindo direitos de televisão e patrocínio – é considerada distorciva por especialistas do futebol, por não cria oportunidades de crescimento ou estabelecer barreiras de avanço às outras equipes.

No Brasil, esse fenômeno ganhou força quando se percebeu nas competições nacionais uma elevada concentração de recursos disponíveis para o futebol nãos mãos de poucos clubes, relacionada principalmente aos pagamentos de transmissão pela televisão e propaganda de empresas. Esta centralização passou a ser apelidada de “espanholização” do futebol brasileiro por conta da situação ocorrer de forma mais clara na Espanha.

Pois o mesmo que acontece no Campeonato Espanhol parece começar a ocorrer na Liga dos Campões da Europa, a partir do domínio do torneio pelo Barcelona e Real Madrid, apresentado no inicio desse texto como atuais controladores dos títulos do torneio.

Se o Atlético de Madrid triunfasse no jogo com o Real Madrid, na última final da Liga realizada neste sábado (28/5), a corrente da “espanholização” talvez tivesse sido amenizada, ainda que o Atlético de Madrid seja uma equipe espanhola.

No fundo, não precisa ser mágico para descobrir por que muitos jogadores brasileiros e de outras partes do mundo, inclusive da Europa, sonham em atuar tanto no Real Madrid como no Barcelona. Além de grandes clubes e torcida expressiva, os investimentos são constantes em ambos, assim como as chances de sucesso.

Há de se destacar a capacidade administrativa dos dois clubes de se manterem como uma máquina de títulos e de dinheiro, mas faz pensar também que a “espanholização” pode ter se transformado em um fenômeno continental, não mais restrito a alguns países. Num mundo altamente globalizado, o acontecimento é motivo de avaliação profunda do esporte.