A Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace) criticou duramente a CBF durante a realização de seu congresso, no final de maio, em Brasília. A entidade do futebol tem colocado, cada vez mais, obstáculo no trabalho da imprensa, na cobertura de jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro.
Há um direcionamento forte na CBF de privilegiar a emissora de televisão que compra direitos de transmissão destas competições, nas entrevistas com jogadores antes das partidas, durante os intervalos e no fim dos jogos, além do acesso aos estádios.
A prática vem atingindo as emissoras de rádio em cheio. As mesmas que dão mais espaço ao futebol há décadas, com extensos programas diários, muito mais do que a televisão. Portanto, são promotoras do espetáculo tanto quanto a TV.
A CBF tenta há algum tempo dar um padrão europeu ao futebol brasileiro nesse item. Lá, as emissoras que compram direitos de imagem da competição têm entrevistas e acessos exclusivos durante as partidas.
A diferença é que a divisão de direitos de televisão aos clubes europeus não é tão concentrada – e nem motivos de suspeita, como aqui, de seus contratos. Além disso, as agremiações do centro do futebol europeu investem elevados recursos na comunicação de suas atividades com a imprensa como um todo, nas diversas divisões.
Por aqui, o trabalho de comunicação dos clubes grandes até caminha, mas ainda carece de profissionalismo e atenção maior à mídia de forma geral – não há um repórter-esportivo que não reclame que não consegue uma entrevista exclusiva com o craque do time ou um jogador em destaque, por que não faz parte da emissora de TV dona dos direitos de transmissão ou de maior audiência.
Tirando as séries A e B, onde a transmissão de TV acontece em todos os jogos, seja no canal fechado ou aberto, ou ainda no pay-per-view, nas séries C e D a CBF tem uma dependência muito grande da boa vontade e do interesse da mídia (principalmente regional) na cobertura de suas competições.
É essa falta de visão da contrapartida que irrita os membros da Abrace. A transmissão pela TV das séries C e D tem uma contabilidade complexa. Num País continental, de custos altíssimos de logística e operação de telecomunicações idem, possui, por outro lado, um público com baixo interesse às divisões inferiores do futebol.
Restam as emissoras de rádios. Estas sim, ágeis e com gastos mais compatíveis, vão a todas as partidas das Séries C e D, onde estiver acontecendo. Portanto, a CBF depende – e muito – desses veículos para promover seus jogos nessas divisões. Mas e a contrapartida? Isso nunca foi o forte da CBF.
Aliás, alguém sabe como anda os centros de treinamento que a entidade ficou de construir pós-Copa?