Quando foi chamado para dirigir a seleção brasileira pela primeira vez, Dunga já era visto como falta de opção ao cargo de técnico no País do futebol. Como venceu a Copa América 2007 e a Copa das Confederações 2009, o ex-jogador mascarou a inexistência de um real comandante no Brasil para o time.
Veio então o fiasco de 2010 no Mundial, na derrota contra a Holanda. Apareceu na sequência Mano Menezes, que deu lugar a Felipão, de novo – foi um vexame, dessa vez na Copa no Brasil. Reconvocaram então Dunga.
É óbvio que ter dado de volta o cargo a Dunga não foi apenas pela falta de bons técnicos no Brasil – por favor, não me falem de Tite, a escola sulista que joga a criatividade do futebol brasileiro no lixo, embora de forma eficiente.
Dunga não é de bater de frente com o modelo autoritário da CBF. Felipão também não, assim como Parreira – este último chegou a dizer a célebre frase de que a “CBF era o Brasil que deu certo” (Meu Deus!).
Essa característica submissa virou padrão para estar ao lado da entidade, em meio à falta de técnicos de mentalidade moderna no País. Lá fora existe esse tipo, mas não interessa trazê-lo para cá – nem se sabe se daria certo tendo tanta intromissão no trabalho.
O fato é que não existe técnico no futebol brasileiro hoje. É um dos exemplos da decadência do esporte no País.
Dentro de campo já não se vê jogador realmente merecedor da camisa amarela. Aquele que se olha e diz: esse cara representa o espírito da seleção brasileira. Na última Copa esse tipo foi figura rara de um combinado de jogadores com passaporte brasileiro, todos hoje praticamente descartados da seleção.
Sobrou Neymar, uma andorinha que provavelmente não fará verão na Olimpíada do Rio, e pode ser até que a presença dele não seja suficiente para classificar o Brasil para Rússia 2018.
O jogador do Barcelona é craque, o maior surgido nos últimos tempos no País. Mas é filho único de mãe solteira no futebol brasileiro. Vale ressaltar seu imbróglio na justiça aqui e na Espanha, que quase o levou preso por conta do fisco – isso acontece com jogadores mais maduros, mas com ele foi prematuro demais, levando-o a suspeição sobre sua idoneidade.
Não se faz mais tantos craques por aqui. A Lei Pelé é uma das culpadas, de acabar empurrando para as mãos de empresários jovens promessas, tirando dos clubes essa primazia – com isso, as agremiações nem querem mais saber de investir em garotos. Não compensa.
É preciso rever a Lei Pelé urgente se querem salvar a base do futebol, a origem de tudo. Já faz alguns anos, aliás, que as categorias de base da seleção não conquistam torneios continentais, quando isso era praxe – a seleção principal se junta a essa estatística.
É redundante dizer que a CBF ter um presidente que não viaja ao exterior por que pode ser preso, é o fim da picada e humilhante para o Brasil.
O País não merece seus dirigentes suspeitos de corrupção aqui e no exterior, e de parceiros idem, como o de TV, monopolizadores de contratos que Deus sabe lá como eles são feitos – em benefício do futebol brasileiro, por certo não o é, caso contrário o esporte no País não estaria tão enfiada na lama.