Embora muitos clubes tenham negligenciado a formação de jogadores por conta dos custos altos e retorno incerto, em meio à legislação que acaba empurrando jovens talentos às mãos do empresário, o fato é que a base é a única salvação hoje do futebol brasileiro.
O Atlético-AC, classificado na série D, talvez tenha sido um dos bons exemplos da vantagem de apostar nisso – ao contrário do Rio Branco-AC, fora do Campeonato Brasileiro já na primeira fase da mesma competição disputada pelo Galo.
Por falta de recursos, o Atlético resolveu acreditar na garotada e, por enquanto, tem dado certo. O Estrelão foi buscar em outros lugares jogadores para o time, enquanto enfrentava uma de suas piores crises financeiras – e o resultado é um aprofundamento do problema. Nessa toada o Rio Branco corre o risco de tomar o caminho do Juventus-AC, que se afastou do futebol profissional.
O Nacional-AM foi um fiasco e tanto. Montou o time e a comissão técnica para a Série D todo de fora do clube e não avançou. Talvez tenha concluído que juntando alguns jogadores mais rodados, de localidades diversas, poderia alcançar melhor desempenho que seus adversários. O Princesa do Solimões, também do Amazonas, acreditou na prata da casa e passou da fase de grupos da Série D.
O Santos, do atacante Gabriel e companhia, é um grande exemplo para se seguir no futebol brasileiro nas duas últimas décadas, no que se refere à formação de atletas. É o principal case de sucesso na área no País. O clube tinha entrado num ciclo de incertezas que já duravam anos, praticamente desde a Era Pelé, até que veio a geração prata da casa integrada por Robinho, Diego etc. Aí mudou tudo por lá, perdurando até hoje esse direcionamento à formação de atletas.
O clube quando contrata jogador profissional de fora costuma assumir outros custos além de salários, como hospedagem e, às vezes, alimentação e transporte. Isso não ocorre somente no Acre nem no Amazonas. É em qualquer Estado. Isso onera e é uma despesa pouco vista – mas alta.
No entanto, é preciso também dar garantias ao clube para investir em garotos. Precisa-se encontrar na legislação trabalhista, na Lei Pelé, no Estatuto da Criança e do Adolescente etc. um meio termo de integrar valores e promessas às agremiações esportivas.
Por outro lado, faz-se necessário acabar com aliciadores de jovens craques, travestidos de agentes que, infelizmente, têm conivência de seus atos por parte de dirigentes e técnicos. No fundo, beneficiam alguns e empurram o conjunto das necessidades do futebol brasileiro para o ralo.