A base é a salvação, mas como fazê-la?

Acompanhando de perto o início da disputa do título do Campeonato Acreano sub-17, torneio organizado pela Federação de Futebol do Acre, vejo a importância da competição para estimular o surgimento de novos talentos, não esquecendo que o torneio envolve quase 400 adolescentes de diversos bairros de nossa cidade. Uma ferramenta tão importante para ocupar a mente da garotada quanto à escola.

Agora, avaliando com um olhar mais técnico, vejo que muitas equipes necessitam não somente trabalhar à parte física dos atletas, mas também aplicar aulas exaustivas de fundamentos futebolísticos, para o crescimento do nível técnico da partida. Porém, ao mesmo instante, reconheço as dificuldades de cada clube participante que vão desde a infraestrutura de trabalho existente até ao número de profissionais envolvidos nos treinamentos diários.

Também vejo o brilho empolgante nos olhos de cada jogador, seja de equipe competitiva, seja de um time franco atirador. Para cada um deles, cada confronto é um jogo da tradicional ‘Champions League’. Uma boa apresentação, além de render meia dúzia de tapinhas nas costas, ainda pode garantir uma boa foto da página de jornal ou site de notícia ou talvez alguns instantes na tela do televisor. Se o desempenho for bom ainda existe o assédio dos dirigentes.

Entretanto, deixo claro aos leitores que não é nada fácil fazer categoria de base no futebol local. Vejo políticos, torcedores, cronistas esportivos, dirigentes cantarolando nos quatro da cidade que a salvação de nosso futebol é a valorização das nossas categorias de base. Todos chegam a citar a excelente campanha realizada nesta temporada pela equipe do Atlético Acreano. E, realmente, não discordo que esse é o caminho mais lúcido para o crescimento da modalidade nessa parte do território amazônico, mas para tal ‘mágica’ dar certo são necessários investimentos. E querendo contribuir para esse debate faço os seguintes questionamentos a respeito da palavra investimento. Onde encontrá-lo? Como fazê-lo para tê-lo à disposição. E, por fim, como persuadir o poder público e os empresários a disponibilizarem recursos para o nosso futebol? E lembrem-se ainda: neste mundo capitalizado e cheio de interesses, seja na esfera econômica ou política, ninguém coloca um dólar para não querer lucrar dois. Ou não?