O poder ausente

Desde que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 já se passaram sete anos. É muito provável que naquele momento grande parte dos poderosos da antiga terra do Pau Brasil tenham feito planos para participar da festa e ganhar mais um tempinho de fama.

Tudo muito justo, tudo muito natural. Afinal, era uma época em que boa parte dos malfeitos acabava em pizza, com a respectiva sujeira sendo varrida para debaixo dos múltiplos tapetes que grassavam nos altíssimos escalões da República. Existiam já sobressaltos, mas somente marolinhas!

Pois bem. O tempo passou, o tempo voou, o presente aportou na Praça Mauá e eis que nenhum ex-presidente dessa nação varonil aquiesceu ao convite do Comitê Olímpico Internacional para comparecer à festa de abertura dos Jogos do Rio, no dia 5 de agosto, no gloriosíssimo Maracanã.

Li nos sites que José Sarney, governador geral do Brasil entre os anos de 1985 e 1990, aquele que estabeleceu um congelamento de preços e conclamou o povo a ser seu fiscal nas ruas, becos e ruelas, afirmou que não pode ir pelo fato de estar se recuperando de uma cirurgia em um braço.

Poxa! O Sarney não vai? E logo por conta de uma contusão. Desfalque (opa!) sério. Não existe um bigode tão vistoso quanto aquele do Sarney em toda a história do Brasil. O bigode do Sarney era tudo o que o país precisava para sair bem nas fotos das agências internacionais. Saco!

Li igualmente que Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso também recusaram o convite para a festa de abertura. O caçador de marajás nem se dignou a explicar os seus motivos. Já o príncipe dos sociólogos disse que também não vai por motivo de saúde etc. e coisa e tal.

Collor e FHC não tem um bigodão como o Sarney. Mas certamente dariam algum prestígio ao evento. São homens famosos. O mundo haveria de querer saber como eles andam anos depois de terem se despido da faixa presidencial. Seria uma boa oportunidade para vê-los um ao lado do outro.

Dilma e Lula disseram que não vão por falta de clima político. Eles não querem dividir o espaço com o presidente interino Michel Temer. Essa é a desculpa oficial. É uma boa desculpa. Mas há quem diga que os dois petistas estão é com medo de levar uma daquelas vaias sonoras e históricas.

É isso. A festa de abertura dos Jogos Olímpicos não vai ter o brilho que deveria ter. Com tanta gente poderosa ausente, as lentes dos fotógrafos vão se concentrar em um ou dois gatos pingados. Tomara não apareça nenhum gaiato querendo “roubar” a cena. Chega de tanto “roubo”. Né não?