MANOEL FAÇANHA
Nascido no Acre e revelado pelas mãos do ex- técnico Illimani Suares, o nome do goleiro Weverton Pereira da Silva, 28 anos, predominou nos noticiários dos últimos dois dias após convocação para a seleção olímpica em substituição ao palmeirense Fernando Prass.
Surpreso com a convocação, o arqueiro do Atlético Paranaense deixou claro durante coletiva de imprensa que não aguardava a chance ainda nessas Olimpíadas. O acreano, que já havia sido observado pelo técnico Rogério Micale vitória do Furacão sobre o Cruzeiro por 3 a 0, era apontado como o plano B da CBF, mas Micale negou a situação e disse que o acreano era o plano A. O primeiro nome ventilado na lista, conforme divulgado na grande mídia, era o de Diego Alves, hoje no Valencia, da Espanha.
O Brasil estreia nos Jogos Olímpicos na próxima quinta-feira (4), contra a África do Sul. Entre os suplentes, Jean, do Bahia, estava pré-selecionado, mas como Prass era um dos três nomes acima de 23 anos, a entidade estava recorrendo à Fifa para abrir uma exceção para que alguém fora da lista seja convocado, assim como Portugal já fez anteriormente.
Carreira
Menino pobre da periferia de Rio Branco chegou ao Juventus-AC pelas mãos do treinador e ex-goleiro Illimani Suares, antes havia passado por algumas escolinhas de futebol como o Recriança, inclusive atuando como atacante. Foi lapidado e aos 16 anos estreou no profissionalismo vestindo a camisa do AC Juventus, em 2004.
Um ano depois, na disputa da Copa São Paulo de Juniores, o arqueiro apareceu nacionalmente. Weverton foi o principal destaque na vitória apertada do Corinthians sobre o Juventus por 1 a 0. O acreano pegou tudo naquela memorável partida do dia 5 de janeiro de 2005. Espantados com a atuação do acreano, os dirigentes do clube Paulista do Parque São Jorge o convidaram para teste.
Aprovado nos testes, Weverton ficou no Corinthians por mais de dois anos e ainda chegou a integrar o time alvinegro do Parque São Jorge na conquista do título da Série B 2008. No entanto, como não era aproveitado pelo então técnico corintiano Mano Menezes – oscilava entre o terceiro e quarto goleiro (Júlio César, Felipe e Rafael Santos eram os demais) acabou emprestado para o Clube do Remo. O acreano ainda passou por América/RN, Oeste de Itápolis, Botafogo-SP, Portuguesa e Atlético Paranaense, esse desde 2012.
Uma ‘prensa’ de seu ex-técnico
A saudade de casa, sobretudo, da namorada, logo bateu e ele fugiu do CT corintiano para voltar à sua Rio Branco. Poderia ter sido o fim de sua curta história no futebol. Uma ‘prensa’ de seu ex-técnico o recolocou no lugar, no entanto.
“Ele estava decidido a ir embora. Falei, então: ‘meu filho, mulher tem em todo canto, pense um pouco, ponha a cabeça no lugar e veja onde você mora’. Sempre foi um menino humilde, a família também era, moravam num bairro extremamente pesado”, relembra o treinador Illimani Suares, que o acompanhou na vinda para São Paulo, ao ESPN.com.br.
“Perguntei: ‘o que você vem fazer na baixada? Será mais uma vítima de tudo ali. Seja um pouquinho mais forte, esse negócio de saudade de mamãe, papai, namorada, depois você terá condição de matar de maneira salutar”, prossegue.
E é o que acontece hoje: a mãe, por exemplo, mora ao seu lado em Curitiba.
“O Sonho é livre”
Não pagamos para sonhar, o sonho é livre. Eu sempre sonhei, mas nunca imaginei que poderia estar aqui hoje. O futebol é muito distante da nossa realidade hoje, eu olho para trás e me sinto orgulhoso de estar aqui. Tenho muita coisa para conquistar e viver. Sinto orgulho, a mão de Deus na minha vida. Não é fácil sair de onde eu saí e estar na seleção, só agradeço.
‘Atacante’ Weverton
A boa saída de bola e a cobertura dos zagueiros (falso líbero) chamam atenção da comissão técnica brasileira. O jogador justifica isso ao fato de, ainda garoto, atuar como atacante. “Eu era atacante e vem aquela velha história de que faltou goleiro, tinha que botar alguém pra jogar no gol, eu fui e arrebentei no gol. Um olheiro do Juventus-AC me viu jogar, me chamou. Eu comecei de 9, fazendo gol. Mas como eu fui muito bem no gol, ficou a dúvida. Para mim era diversão, mas virou verdade e eu estava no Corinthians como goleiro. Minha grande vontade era ser atacante.”
Ídolos
No início da carreira, o goleiro Weverton teve como ídolos os goleiros Marcos e Dida, não somente pelas duas ‘muralhas’ que eram em suas balizas, mas pela personalidade e o carisma. Outro nome citado pelo acreano diz respeito ao goleiro Rogério Ceni, ora pelas boas defesas, ora pela qualidade com a bola nos pés, isso sem falar das centenas de gols em cobranças de faltas e penalidades.
A respeito da personalidade de jogar com os pés, ele disse que a chegada do treinador Paulo Autuori ao Atlético Paranaense contribuiu para usar mais essa ferramenta de sair jogando com os pés.
FRASES
“Eu me sinto à vontade jogando com os pés”
“A gente corre mais na subida. Quem está no centro, corre na reta. Nós, do Norte, temos que provar mais, mostrar ser mais capaz que os demais…”
Terceiro acreano numa olimpíada
O goleiro Weverton Pereira da Silva será o terceiro acreano a defender o Brasil numa disputa de Olimpíadas. O primeiro deles foi o medalha de ouro no vôlei masculino em 1992, Carlão, esse, inclusive, atuando no início na década de 1980 como goleiro das categorias de base do Rio Branco, também aos olhares de Illimani Suares.
O terceiro, ou melhor, a terceira, foi à jogadora de futebol de campo Sônia Roque, que disputou os Jogos Olímpicos de Atlanta/Estados Unidos, em 1996.
FICHA TÉCNICA
Nome: Weverton Pereira da Silva
Cidade: Rio Branco (AC)
Data: 13/12/1987
Altura: 1m89cm
Peso: 86 kg
Clubes: Atlético-PR, Corinthians, Clube do Remo, Oeste, América-RN, Botafogo-SP e Portuguesa.