Medalhas (não) conquistadas

No momento em que escrevo este texto, manhã de terça-feira, 16 de agosto de 2016, o Brasil ostenta dez medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sendo duas de ouro, quatro de prata e quatro de bronze. Um desempenho que lhe dá o décimo quinto lugar no quadro dos competidores.

Trata-se de um número pífio. As dez medalhas deixam o Brasil atrás de países como Nova Zelândia, Espanha, Holanda, Hungria, Coréia do Sul e Austrália, todos sem grande tradição olímpica. Levando-se em conta que os jogos são realizados em solo pátrio, era de se esperar bem mais até aqui.

A qualquer instante, inclusive, o Brasil pode ser ultrapassado por gente de menor tradição olímpica ainda. Casos do Cazaquistão, Coréia do Norte, Quênia, Canadá, Colômbia, Cuba, Polônia, Suíça, Tailândia, Bélgica e outros tantos mais, todos coladinhos também com duas medalhas de ouro.

O que salta aos olhos, então, dados esses números e os respectivos países citados, não é a quantidade das medalhas que o Brasil conquistou até aqui. O que grita vergonhosamente nos ouvidos dos nativos desta antiga terra dos tupiniquins é o número das medalhas que não foram conquistadas.

Certamente o Brasil ainda conquistará mais algumas medalhas nesses Jogos Olímpicos. Mas não imagino nada tão expressivo. Nada que possa levar o país ao décimo lugar da competição, meta dos dirigentes do COB. Para isso seria necessário hoje pelo menos mais seis medalhinhas de ouro.

O Brasil foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 sete anos atrás. Quero crer que em sete anos daria para ter sido investido tempo e valores suficientes para formar excelentes representações nacionais, capazes de, pelo menos, ganhar umas vinte medalhas de ouro. Dava sim!

Com 204 milhões de habitantes, clima privilegiado e de uma enorme extensão territorial, quer me parecer que o Brasil só não se torna uma potência olímpica porque os diversos poderosos da República, desde sempre, jamais viram no esporte um fator de progresso e integração social.

Nesse belo país chamado Brasil, onde Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota portuguesa que aportou por aqui nos antigos do século XVI, um dia disse que bastava plantar que tudo cresceria com pujança e viço, o interesse maior dos donos do poder é a riqueza de qualquer maneira.

Coincidentemente (ou não), meu livro de cabeceira no momento leva o sugestivo título de “Petroladrões – A história do saque à Petrobras”, do jornalista Ivo Patarra. Os números do dinheiro roubado são irreais. Dinheiro do povo que poderia formar uma infinidade de atletas olímpicos!