Essa exportação em massa de jogadores do futebol acreano para o Amazonas me fez lembrar que os dois estados tem uma longa tradição nesse intercâmbio de craques. Tantos de uma só vez, eu acho que nunca houve. Mas não se pode dizer exatamente ser novidade as idas e vindas!
No final da década de 1950, por exemplo, uma seleção acreana que foi a Manaus e venceu três das quatro partidas que fez por lá, só voltou pra casa porque os integrantes da delegação entenderam que não deviam ficar exibindo os seus dotes na capital manauara. Quase todos foram convidados.
O mais assediado, segundo relatos da época, teria sido o atacante Touca, tido como um dos maiores jogadores do futebol acreano de todos os tempos. Quem o viu jogar no auge da carreira diz que o homem era mágico com a bola nós pés. E os amazonenses teriam se rendido ao talento dele.
Mas também, ainda de acordo com relatos da época, chamaram a atenção os goleiros Pedrito e Tinoco, os zagueiros Mozarino e Antônio Leó, os meio campistas Hugo e Carreon, além do técnico Walter Félix. Pelo que me consta, só Hugo e Walter Félix ficaram um tempo em Manaus.
Em 1969, quem brilhou nos gramados amazonenses, defendendo o São Raimundo, foi o volante Nostradamus. Cria do Juventus, onde durante o ano de 1968 fez uma dupla espetacular de meio campistas com um gênio chamado Dadão, “Nostra” só voltou pra casa por não aguentar a saudade.
Depois, na década de 1970, eu me lembro de pelo menos três acreanos que gastaram a bola em Manaus: o goleiro Carlos Xepa, no Fast Clube; o armador Mariceudo, no Nacional; e o lateral Bento Zero Hora, também no Nacional. Todos eles titulares nas suas respectivas equipes.
Em sentido inverso, de Manaus para o Acre, grandes jogadores mostraram a sua arte aos torcedores acreanos. Cito seis que lembro enquanto escrevo essas mal traçadas de hoje: Palheta, Tadeu, Mário Vieira, Júlio César, Valdir Silva e Augusto. Criaturas da mais fina estirpe boleira!
O zagueiro Palheta virou lenda defendendo as camisas do GAS e do Independência. Enquanto isso, marcaram época o Augusto, no Atlético e no Independência; o Tadeu, no Rio Branco e no Atlético; o Mário Vieira, no Rio Branco; e os atacantes Júlio César e Valdir Silva, no Independência.
Certamente teve muitos outros nomes que eu não lembrei no momento da produção desta crônica, tanto percorrendo a distância do Acre para o Amazonas quanto no sentido inverso. Mas a tese é a de que o intercâmbio não é de agora. Vem de longe, desde o tempo do amadorismo!