Corria tudo bem com o Brasil na Copa do Mundo de Futsal (ou futebol de salão), na Colômbia, quando a equipe foi eliminada nas oitavas de final pelo Irã nos pênaltis. Isso foi na última quarta. O Brasil buscava mais um título, depois de ganhar os dois últimos torneios organizados pela FIFA – e muitos outros sequenciais nas décadas de 1980 e 1990.
Ao contrário do que se imagina o Irã não é pé-de-chinelo no futsal. No Grand Prix, um dos torneios internacionais mais importantes do esporte promovido todo ano no Brasil, os iranianos já ficaram entre os quatro primeiros sete vezes nas dez edições da competição – e disputou a final por três vezes com a própria seleção brasileira, perdendo todas.
Tinha feito a cobertura à imprensa da Copa do Mundo de Futsal de 2008, quando ela foi realizada no Brasil. Achei a seleção tensa demais jogando em casa. O título veio de uma disputa de pênaltis no Maracanãzinho contra a Espanha, a segunda maior vencedora de títulos do Mundial.
Nesse ano, foi a primeira vez que o Brasil caiu tão precocemente do torneio – sem medo de errar, diria até entre todas as competições internacionais que participou.
O jogador Falcão, que atuava pela última vez em uma Copa do Mundo, aos 39 anos, não é mais o atleta que tinha visto a oito anos atrás. Já não corre tanto, embora tenha sido artilheiro da seleção nesse Mundial de 2016 com o dobro de gols em relação ao segundo colocado.
Nas quadras da Colômbia, vi absoluta dependência do Brasil dos dribles do maior jogador brasileiro e do mundo nesse esporte. Falcão foi um atleta da seleção que também “vendia” bem seu talento. Lembro-me dele na zona mista depois de um jogo da Copa em Brasília, com disponibilidade total em atender a imprensa, mesmo cansado.
Tempos depois, cheguei a enviar por e-mail algumas perguntas para uma entrevista, e elas voltaram rapidamente com respostas – provavelmente dadas pela assessoria de imprensa, mas consentidas por ele.
Falcão mantém um site da carreira dele, com tudo lá – isso é raro até para jogador de futebol profissional de campo. Mostra, porém, que ele corre atrás de visibilidade fora de quadra.
No site, há a descrição da sua impressionante carreira de vitórias e títulos nacionais e internacionais. É um mito do futsal – não à toa que a equipe do Irã, quando bateu o Brasil nos pênaltis, fez questão de saudá-lo como ídolo ali, na hora, ao vivo, em quadra pós-partida, numa reação incomum.
Agora se aposentando da seleção, toda essa aura em torno dele, e que favorecia em muito o desenvolvimento do futsal no Brasil, poderá ser aos poucos perdida. Essa premissa pode ser comprovada pelo próprio desempenho limitado do Brasil nesta Copa do Mundo, eliminado nas oitavas de final. Não será fácil substituir o Pelé do futebol de salão.