A ansiedade é um dos principais males do século XXI. Um sujeito ansioso quase sempre padece de depressão. Os objetivos jamais são alcançados. Algo que em situação normal seria feito até com alguma facilidade, passa a se configurar quase impossível. E aí chega a frustração.
Sem o equilíbrio necessário para dar um passo atrás do outro, a criatura não sai do lugar. Caminha, tropeça e gasta suor (até sob um sol ameno), mas o horizonte continua no limite da visão. E quanto mais o tempo passa, a situação piora. A pressão torna-se quase que insuportável.
Essas reflexões me vêm à cabeça por conta do futebol nosso de cada dia que faz sucumbirem times melhor preparados tecnicamente, com elenco de mais qualidade do que os adversários e decidindo sua sorte com o apoio das suas torcidas. Apesar de tudo a favor, o resultado teima em não vir.
Parece ser exatamente isso, um surto de ansiedade, o que vem acontecendo com o glorioso Fortaleza, time dos mais tradicionais do futebol brasileiro que há sete anos luta para sair da série C, lugar onde jamais deveria ter chegado, levando em conta a grandeza da sua história.
Domingo passado, 9 de outubro, perante um estádio Castelão lotado (o maior público do Brasil em 2016), foi escrito o capítulo mais recente dessa dramática novela. Decidindo uma vaga à série B contra o Juventude, e precisando de uma vitória simples, o Tricolor cearense apenas empatou.
Já se vão anos infinitos do Fortaleza na série C. Desde 2010 que o time pena nessa espécie de limbo do futebol nativo. Nesse período foram quatro decisões do que se convencionou chamar de mata-mata. Em todas as quatro, os cearenses viram a vaga escapar sorrateira por entre os dedos.
A situação pode ser comparada a um sujeito que estando faminto há muitos dias não consegue ingerir nenhum alimento quando alguém lhe oferece. Ou então, estando também há muitos dias no deserto sem uma gota d’água, não consegue beber ao lhe ser oferecido um copo: pura ansiedade!
“Mutatis mutandis”, como dizia um vetusto professor de filosofia dos meus tempos de mestrado, essa ansiedade que impede o Fortaleza todos os anos de subir um degrauzinho no futebol brasileiro me parece algo similar à que não deixa os times do Acre saírem das séries que disputam aqui e ali.
No meu entender foi isso o que aconteceu com o Atlético Acreano na série D deste ano. Depois de um belo desempenho, invicto, decidindo em casa e podendo até empatar em zero a zero, eis que o Galo caiu frente ao Moto Clube. Ansiedade, depressão… Facilitem um prozac aí, parceiros…