A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) aposta na ampliação de participantes na Copa Libertadores da América e no aumento do período de realização do torneio no ano que vem, que passaria a ocorrer de fevereiro a novembro, para limpar a barra. O movimento tem duas direções: evitar a concretização de uma liga independente no continente para promover uma competição semelhante, como já se ensaiava, e amenizar as críticas e ressuscitar apoios à entidade depois que escândalos de corrupção se abateram sobre vários de seus dirigentes.
No Brasil, a Primeira Liga, cujo primeiro torneio foi realizado esse ano, nasceu em meio à fragilidade da CBF relacionada às denúncias contra seus principais dirigentes. A Conmebol tenta sufocar essa prática no plano continental, principalmente a partir do Brasil, o maior mercado futebolístico da América Latina. Para isso, a entidade sul-americana está oferecendo ao País nada menos que sete vagas na nova Libertadores (eram cinco antes).
Ressalta-se que os times brasileiros já não vinham tendo bom desempenho na principal competição do continente – há três anos que um time brasileiro não chega à final. Assim, as mudanças não deixam de ser um agrado em boa hora da Conmebol aos clubes brasileiros e seus patrocinadores.
A questão é que a CBF e a Conmebol sofrem dos mesmos dilemas. Casaram-se irremediavelmente com a televisão e patrocinadores, criando uma dependência quase inflexível em vários torneios. Os clubes veem essa aliança com muita desconfiança e acham que podem arrancar mais desses dois agentes importantes do futebol caminhando sozinhos – daí a ideia de criar ligas, associada à fragilidade vivida pelas duas entidades devido a acordos suspeitos com esses dois entes (TV e anunciantes).
O fato é que a Copa Libertadores da América terá que ser muito bem organizada para se estabelecer com 44 equipes (antes eram 38 participantes), durante dez longos meses de confrontos ao longo do ano – antes se limitava a um semestre. E sabe-se que isso nunca foi o forte da competição, com histórico de reclamações extenso, embora o interesse por ela tenha aumentado sobremaneira nas últimas décadas.
Os problemas conhecidos vão desde estádios por aí afora nem sempre seguros para torcida e jogadores, até a dificuldade de times brasileiros em compatibilizar o calendário do futebol já bastante apertado no País, tendo ainda que realizar grandes deslocamentos em um continente marcado pela falta de infraestrutura logística – imagine um clube brasileiro passando o segundo semestre do ano que vem entre a reta final do Brasileirão e os jogos mata-mata da Libertadores.
Portanto, será preciso medir o nível da chiadeira dos clubes, para se concluir se a ação foi ou não um bom negócio da Conmebol.