A cada rodada, seja do campeonato brasileiro ou de outra competição qualquer, multiplicam-se os erros de Suas Senhorias, os trios de arbitragem. Tanto que de um tempo desses para cá, as diversas resenhas esportivas noturnas gastam mais tempo falando sobre esses erros do que sobre gols.
Ora, se o gol é, por assim dizer, a essência do chamado esporte bretão, e se os árbitros e respectivos auxiliares entram em campo tão somente para aplicar as regras do jogo, então alguma coisa de errado (ou podre, se o reino fosse o da Dinamarca) está acontecendo sob o sol e o céu.
É claro, e isso deve ser levado em conta, que o erro é humano. Aliás, essa tem sido uma frase por demais proferida pelos comentaristas que contemporizam os erros de arbitragem. Para cada um analista que desce o porrete num árbitro, vem um defensor e trata de naturalizar os deslizes.
Mas, apesar de o erro ser realmente parte da natureza humana, não se pode fazer dele (erro) uma regra. Ao contrário: o erro deve ser a exceção que confirma a regra. A questão é que parece que essa lógica anda invertida. O erro está passando a ser a regra, enquanto o acerto é a exceção.
No mais recente jogo entre Flamengo e Fluminense, no dia 13 de outubro, quando o rubro-negro levou a melhor por dois a um, no gol de empate marcado pelo Tricolor, viu-se não só um erro, mas uma sucessão deles: o gol não valeu, depois passou a valer e, então, tornou a não valer.
Ao final, o que passou para o mundo foi que o árbitro só invalidou de uma vez o gol do Fluminense (marcado em impedimento mesmo, diga-se de passagem) porque alguém que viu o lance pela televisão tratou de avisar a Sua Senhoria. Ou seja: a justiça pelo erro. Este sim, de fato, imperdoável.
Dez dias depois, em 23 de outubro, novo erro de arbitragem beneficiou mais uma vez o Flamengo. A vítima da hora foi o Corinthians. O atacante do time carioca, Paolo Guerrero, em completo impedimento, cabeceou para o fundo das redes. Só quem não viu foi o árbitro auxiliar.
Claro, o Flamengo não tem nada a ver com isso. A história não registra nenhum urubu filosofando sobre a natureza humana. Muito pelo contrário, os adeptos do rubro-negro carioca reclamaram foi da arbitragem não ter errado mais. Não ser um pouco “mais humana”, por assim dizer.
Eu penso que já é hora de o futebol adotar os recursos eletrônicos para dirimir as dúvidas recorrentes no campo de jogo. Outros esportes já adotaram. E nem por isso ficaram menos apaixonantes. O século é o XXI. A tecnologia e a bola precisam avançar para fora da solidão… E do erro!