Pintinho

Entrevistei, no meio da semana que recém passou, o meu segundo personagem para o gibi Futebol Acreano em Revista, edição 2016. O tal gibi, nunca é demais lembrar, é uma iniciativa do advogado Antônio Aquino Lopes, o Toniquim, presidente da Federação de Futebol do Acre.

Esse meu segundo personagem atendia, futebolisticamente falando, pelo nome de Pintinho e jogou durante uns dez anos, entre as décadas de 1970 e 1980. A maior parte desse tempo no Atlético Acreano. Mas também teve uma passagem pelo Rio Branco e foi uma estrela no mediano Amapá.

Para ter-se uma noção do quanto Pintinho jogava, basta dizer que ele foi titular em todos os times por onde passou. Inclusive no Rio Branco de 1981, comandado por um técnico paranaense e que trouxe alguns jogadores da sua inteira confiança, casos de craques como Gil, Airton e Sérgio Lopes.

Nesse Rio Branco de 1981, por exemplo, que jogava com três homens no meio de campo (posição do Pintinho), havia outros quatro nomes para o setor. Tudo gente de primeiríssima qualidade: Dadão, Mário Sales, Carioca e Richard. Os torcedores mais antigos sabem do que eu falo.

O Dadão era simplesmente o melhor jogador do futebol acreano de todos os tempos. O Mário Sales era um volante pegador, imprescindível para o equilíbrio do time. O Carioca e o Richard eram dois virtuosos maestros. Pois o Pintinho arranjou a sua vaga no meio dessa moçada toda.

Pintinho contou que só não fez mais sucesso porque na sua época de boleiro encarnava um grupo de atletas que hoje se poderia chamar de Bad Boys. “Eu, o Pitu e mais outros, a gente queria mesmo era se divertir. A gente jogava bola, mas também aprontávamos pra caramba” disse-me ele.

Nesse aspecto de “rebelde sem causa”, Pintinho contou várias histórias pitorescas. Histórias como a de se insurgir contra a decisão do técnico Ariosto Miguéis que queria implantar um sistema tático chamado Carrossel Atleticano, onde os jogadores deveriam correr o campo inteiro.

Pintinho relatou-me que chegou para o Ariosto e disse que na prática aquele sistema não podia funcionar, porque a alimentação dos atletas era deficiente. O exemplo era ele mesmo, cuja rotina alimentar raramente ia além de um arrozinho com ovo. Ariosto não o ouviu e ele pediu demissão.

São histórias a perder de vista as do Pintinho. Aqui no minifúndio ocupado pela crônica só se pode dar uma pálida ideia do perfil do personagem. Na revista da federação dá para contar muito mais coisas. A revista sai na segunda semana de dezembro. E a distribuição é gratuita!