Trevas e nada mais

Há uns poucos anos, o Rio Branco, maior vencedor da história do futebol acreano (são 44 os títulos estaduais do Estrelão), era uma instituição sólida, seja do ponto da sua estrutura organizacional, seja no que diz respeito ao desempenho dentro de campo, seja no seu setor financeiro.

Nesse aspecto do desempenho dentro de campo, o Rio Branco era mais ou menos como o Atlético Mineiro quando joga no horto. Os atleticanos de Minas dizem que se cair no horto está morto. Pois no Acre era assim: caindo na Arena, contra o Rio Branco, virava puríssimo bagaço.

Os times que jogavam na capital acreana comemoravam demais quando arrancavam um pontinho do Rio Branco na Arena da Floresta. Sentiam-se inferiorizados tecnicamente e se muniam de todas as armas para não voltarem para casa humilhados e com uma profusão de gols no balaio.

É certo que o Rio Branco, apesar das boas campanhas na série C, jamais conseguiu subir um degrauzinho na escalada de valores do futebol brasileiro. Teve uma boa chance de subir à série B, em 2009. Bastava empatar em zero a zero com o ASA. Empatou em 2 a 2 e ficou onde estava.

Mas, a despeito desse ligeiro insucesso, empolgava a sua torcida e passava a impressão de que a qualquer momento encontraria a sua rota de ascensão. O Rio Branco, com as suas despesas equilibradas, era uma espécie de terror da região Norte, força respeitável e orgulho dos acreanos.

Eis que o tempo passou e uma série de trapalhadas tirou o clube da disputa da série C, via tribunais. No ano da volta (2013), novamente via tribunais, com um time cheio de “boleiros” de qualidade duvidosa, o time sumiu em campo e, simplesmente, perdeu 18 dos 20 jogos que disputou.

De lá pra cá se instalou o caos. O time até ainda conseguiu dois títulos estaduais (2014 e 2015). Mas foi só. E isso é muito pouco para a grandeza do clube. Na temporada de 2016, o fundo do poço se aproximou velozmente. O time apanhou mais do que couro de pandeiro. Muito mais.

E agora, na noite dessa recente segunda-feira, para completar a tragédia, a diretoria eleita há onze meses pediu as contas. Certamente se sentiu impotente para reverter a situação do clube. Os dirigentes protocolaram o pedido de renúncia e foram pra casa cuidar das suas vidas.

Uma comissão composta por três conselheiros foi formada para tomar conta do clube provisoriamente. A missão dessa comissão é a de promover eleições dentro de 30 dias. Mas isso só acontece se aparecer alguém interessado em fazer a luz num universo mergulhado nas trevas!