Francisco Dandão
A conquista do título da primeira edição da Copa Norte, competição idealizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), disputada entre os anos de 1997 e 2002, coube justamente a um clube acreano: o Rio Branco Futebol Clube. E a honra de marcar o gol que fez o Estrelão trazer a taça para casa coube ao jovem Palmiro, atacante nascido no bairro 6 de agosto.
“A finalíssima era disputada no sistema de ida e volta. Quando nós empatamos em zero a zero o primeiro jogo na nossa casa, contra o Clube do Remo, ficou ruim. Quase ninguém acreditava mais que a gente poderia ficar com o título. Pois nós fomos ao [estádio] Mangueirão e ganhamos deles por 2 a 1. Eu fiz o gol da vitória. Foi muita emoção”, disse Palmiro.
Mas o gol do título da I Copa Norte não foi a única façanha do Palmiro. Ele gosta de lembrar também um gol que marcou contra o São Paulo, no Morumbi, igualmente atuando pelo Rio Branco, na Copa do Brasil de 1993. O Estrelão venceu jogando em casa por 1 a 0. Na volta, o time acreano foi derrotado por 3 a 1, com o gol marcado por Palmiro.
“Era pra gente ter se classificado. O juiz anulou um gol legítimo meu. Eu girei sobre o zagueiro e o juiz disse que eu fiz falta. Foi um lance normal. Mas eu joguei tão bem que, no fim do jogo, fui cumprimentado pelo [técnico] Murici Ramalho. Depois os dirigentes do São Paulo tentaram me levar pra lá, mas o Rio Branco não liberou”, garantiu Palmiro.
Família cheia de craques e giro fora do Acre
Ao nascer, em 30 de junho de 1972, Palmiro já gerou expectativa na família no que diz respeito ao futuro no futebol. É que toda uma legião de parentes o antecedeu como jogadores. Casos dos tios Edgard (Atlético), Carlos Mendes (Juventus) e Pitola (Juventus), bem como dos irmãos Gerson (Juventus), Selmir (Juventus) e Noca (Rio Branco). Todos ótimos boleiros!
E o tempo tratou de fazer cumprir as expectativas. Palmiro foi titular por todos os clubes por onde passou, desde os infantis do Rio Branco, para onde foi levado por um amigo chamado Dentinho, em 1987, passando pelos profissionais do Atlético, Independência, Vasco, Juventus, até times de fora do Estado, como Moto Clube (MA), Ji-Paraná (RO) e Baré (RR).
O faro de gol apurado poderia tê-lo levado muito mais longe, porém ele garantiu que a intransigência de um dirigente do Rio Branco acabou atrapalhando. “Eu tive propostas de vários times, do Brasil e do exterior. Além do São Paulo, também fui procurado pelo pessoal do Fluminense e pelo Marítimo, de Portugal, mas não me deixaram sair”, afirmou Palmiro.
Fora isso, uma escolha errada ajudou Palmiro a se desiludir com o mundo da bola e encerrar a carreira com apenas 31 anos. É que ele tinha na mão propostas de três clubes: Moto Clube (MA), Linhares (ES) e Uniclinic (CE). Escolheu o primeiro. Ficou sem receber salários por dois meses e abandonou o clube. Depois ainda jogou no Acre, mas por pouco tempo.
Seleção/técnico/dirigente/arrependimento
Palmiro não hesitou quando foi perguntado se seria capaz de escalar um time formado pelos melhores jogadores do seu tempo de atleta. “Anote aí, disse de imediato: Klowsbey; Evandro, Chicão, Carlos e Luís Carlos; Ico, Hélio, Siqueira e Testinha; Palmiro e Sairo. Eu e esses dez, na nossa melhor forma, daríamos trabalho a qualquer clube brasileiro”, garantiu.
No que diz respeito ao melhor técnico e melhor dirigente com os quais trabalhou ele citou o professor José Aparecido – Nino – e o empresário Sebastião Alencar. “O Nino brigava pelos seus jogadores. Ele chegou até a me escalar machucado, só para eu ganhar um bicho gordo. Enquanto o Alencar fazia tudo para atender os atletas”, contou Palmiro.
“Além do mais, ainda falando do Nino, dessa proteção que ele dava aos seus atletas, ele entendia de futebol como poucos. A gente saía da preleção dele sabendo tudo o que tinha que fazer em campo para ganhar o jogo. O cara era, deve ser ainda, um grande estudioso do futebol. A gente não ganhava sempre, mas as instruções dele eram perfeitas”, disse Palmiro.
O arrependimento de Palmiro diz respeito ao fato de ele não ter dado atenção para os estudos. “Eu entendia que a bola poderia garantir uma vida muito boa para mim no futuro. Eu era artilheiro por onde passava, recebia muitos elogios e, de certa forma, me iludi com aquilo. Tive muitas alegrias jogando, mas não existe nada que substitua os estudos”, finalizou ele.