Francisco Dandão
O melhor jogador do mundo em 2016 veio à luz em Portugal e se chama Cristiano Ronaldo. Ele foi eleito com boa margem de votos sobre o segundo candidato, Lionel Messi, argentino de nascimento. Os dois juntos somam nove desses títulos. Messi tem cinco. Um a mais que o português.
Ate aí, tudo certo. Esses dois caras de fato jogam muita bola. Cada um deles é uma espécie de “prima dona” dos seus respectivos times. O Real Madrid é uma coisa com o “portuga” e outra diferente (para pior) sem ele. O mesmo raciocínio que se aplica ao Barcelona, clube do “hermano”.
O que não se configura assim tão certo para nós brasileiros é o tempo que esses dois sujeitos permanecem no topo do mundo. É que desde o ano de 2008 só dá esses camaradas. Ora um, ora outro. Tanto tempo que nem o discurso deles traz alguma novidade. Parece até uma cópia dos anteriores.
Além do mais, em se tratando de vencedor argentino, até que ainda é possível entender tanto sucesso. Os argentinos, afinal de contas, sempre jogaram uma bola do mais alto nível. Pau a pau com os brasileiros em todas as épocas. Mesmo não tendo muitas copas no currículo, jogam muito sim.
Já os portugueses, em que pese ultimamente estarem botando as manguinhas de fora, futebolisticamente falando, jamais foram craques assim tão acima da média. Conta-se nos dedos quantos jogadores nascidos em Portugal foram cantados em prosa e verso fora das terras lusitanas.
Quer ver como eu tenho razão, leitor? Pois então, tente nos próximos minutos lembrar-se de um time só de supercraques, do goleiro ao dono da camisa onze, todos nascidos nos domínios portugueses. Provavelmente você não consiga nem com a ajuda da internet. Provavelmente nem assim.
Vale lembrar, nesse sentido do reinado longo de portugueses e argentinos, que a última vez que um brasileiro apareceu no topo da lista foi em 2007. Kaká foi o nosso último rei do mundo. E fora ele, apenas outros quatro brasileiros foram eleitos: Ronaldo, Ronaldinho, Romário e Rivaldo.
Quanto ao Cristiano Ronaldo, creio que nenhum verso lhe faz mais justiça na história da música universal do que aquele interpretado pelo Caetano Veloso sobre a aversão de Narciso a respeito de algo que não seja espelho. Narciso e Cristiano são mitos apaixonados pela própria imagem!
Nem a bola, fiel companheira de tantos gols e jogadas de efeito, dá tanto prazer ao português, melhor do mundo pela quarta vez. O que lhe causa um frêmito no corpo é ver o seu rosto estampado num telão. Futebol para ele é o gozo da própria exibição estética. Seu reino por um espelho!