O atacante Rogério Tarauacá durante passagem pelo Rio Branco na temporada 2009. Foto/Manoel Façanha.

Rogério Tarauacá: um atacante andarilho, saído do interior do Acre, sempre a serviço do gol

Francisco Dandão

Se nada mais tivesse dado certo na carreira do jogador Wendel Rogério Esteves Filho, o Rogério Tarauacá, pelo menos uma façanha ele teria para contar para os filhos e netos: a de haver marcado o primeiro gol no estádio Arena da Floresta, inaugurado em dezembro de 2006, na vitória do Rio Branco por 2 a 1 sobre a seleção brasileira sub-20. Um grande feito!

Rogério Tarauacá sonha em abrir uma escolinha de futebol e assumir o comando técnico de alguma equipe. Foto/Francisco Dandão

Mas ele fez muito mais do que isso nos seus anos de futebolista, desde a estreia na Escolinha do Rivera, na sua cidade natal, Tarauacá, em 1995, aos 12 anos (ele nasceu em 8 de abril de 1983). Ele foi artilheiro por clubes espalhados por cinco estados brasileiros (Acre, Rondônia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Amapá) e um país estrangeiro (Equador).

A saga do Rogério Tarauacá começou quando ele veio para Rio Branco, em 1988, para disputar os Jogos Escolares Estaduais, na modalidade futsal. A equipe do referido personagem, Escola Plácido de Castro, perdeu o título para o Colégio Meta. Mas ele foi o maior goleador da competição, marcando 12 gols em seis partidas. Excelente desempenho!

Dois anos depois, Rogério se mudou em definitivo para a capital acreana. Foi estudar no Colégio Meta. Até então ele era apenas mesmo Rogério. O professor Mustafa Anute o convocou para a seleção da escola e acrescentou o “Tarauacá” ao seu nome. Daí, ele foi para os Jogos Escolares Brasileiros, quando surgiu um convite para treinar no Fluminense-RJ.

Rio de Janeiro/Rio Grande do Sul/Acre

Em Xerém, onde a base do Fluminense treinava, Rogério Tarauacá permaneceu durante todo o segundo semestre do ano 2000. Jogou apenas alguns amistosos. Quando veio o ano de 2001, o conterrâneo Sairo o convidou para jogar no São José-RS. Ele foi e virou titular do time de juniores. O salário baixo, porém, o mandou para casa alguns meses depois.

RS – 2003. Em pé, da esquerda para a direita: Bruno, Cleiton, Naldo, Thiago Silva, Juan, Anderson, Palhoça, Fábio, Tchê e Felipe. Agachados: Paulinho, Ederson, Marcelo Muller Rogério, Marquinhos, Éverson, Rogério Tarauacá e Daniel Viera. Acervo/Rogério Tarauacá.

Rogério chegou a pensar em largar o futebol e foi trabalhar na fazenda do pai. Mas o exílio durou pouco e no ano seguinte ele já estava integrado ao elenco do Andirá, indicado pelo desportista Jean Sacramento e sob o comando do técnico Illimani Suares. Aos 19 anos e gastando a bola, novamente surgiu uma oportunidade para ele jogar no Rio Grande do Sul.

Illimani Suares o mandou e ao zagueiro Marquinhos Costa para o RS gaúcho, time do empresário Paulo César Carpegiani. Ficou lá até o início de 2006, embora tenha disputado uma Copa São Paulo pelo Juventus-AC, emprestado, em janeiro de 2004. “Foi um período muito bom no RS, mas eu sofri uma lesão séria, no primeiro semestre de 2004”, afirmou Tarauacá.

O atacante Rogério Tarauacá durante treino na equipe do Juventus na temporada 2006. Foto/Manoel Façanha.

Nos primeiros meses de 2006, Rogério Tarauacá foi novamente emprestado pelo RS para o Juventus-AC. As exibições dele no campeonato acreano chamaram a atenção de um empresário chamado Rosalvo, ligado ao futebol equatoriano. E assim, no segundo semestre deste mesmo ano, o artilheiro já estava vestindo a camisa do Oriente Petrolero, de Guayaquil.

Experiência internacional e fim de carreira

La Brasília (Equador) – 2007 – Rogério Tarauacá é o 4º agachado. Acervo/Rogério Tarauacá

Rogério Tarauacá ficou um ano e meio no futebol equatoriano. Na época em que marcou o primeiro gol da Arena da Floresta, ele era atleta do Oriente Petrolero. Só atuou pelo Rio Branco porque se tratava de um jogo amistoso e ele estava de férias no Acre. Mas ao retornar ao Equador, por decisão do seu empresário, ele foi jogar num time chamado La Brasília.

Rio Branco – 2006. Em pé, da esquerda para a direita: Selcimar Maciel (preparador físico) Neném, Rangel, Rômulo, Israel e Ico.
Agachados: Doka Madureira, Rogério Tarauacá, Esquerdinha, João Paulo e Ley. ODAIR LEAL/ACEA
Rogério Tarauacá comemora gol inaugural do estádio Arena da Floresta. Foto/Manoel Façanha

 

Ulbra (RO) – 2008. Em pé, da esquerda para a direita: Toninho (preparador de goleiros), João (preparador físico), Ismael, Dudu, Rael, Beto, Wanderson, César Baiano, Marcos Vinícius, Wagner Leonardelli e Cascavel (massagista). Agachados: Cézar, Fabinho, Rogério Tarauacá, Johnathan, Leandro Rodrigues, Leandrinho, Teco, Carlos Eduardo, Marcelo Muller e Júnior. Acervo/Rogério Tarauacá

Em 2008, o artilheiro resolveu que estava na hora de voltar ao Brasil. Mal chegou por aqui e já foi logo contratado pela Ulbra-RO. “Fui campeão rondoniense, artilheiro e eleito o craque do campeonato, sob o comando do técnico João Carlos Cavallo. Fiz um campeonato tão bom que no segundo semestre fui contratado pela Ulbra-RS”, contou Rogério Tarauacá.

O atacante Rogério Tarauacá durante passagem pelo Rio Branco na temporada 2009. Foto/Manoel Façanha.

De 2009 até 2015, Rogério Tarauacá vestiu outras sete camisas: Rio Branco (2009 e 2010), Mazagão-AP (2009), Ceilandense (2010), Atlético Acreano (2013), Vasco da Gama (2013), Independência (2014) e Alto Acre (2015). Atualmente, embora ainda ostente o mesmo corpo dos seus tempos de atleta profissional, só tem jogado futsal por um time da cidade de Feijó.

Vasco da Gama – 2013. Em pé, da esquerda para a direita: Andrey, Kinho, Tonho Cabañas, Ney, Pedro, Ceildo, Zé Macaco, Lelão, Edivandro e Jorai (preparador físico). Agachados: Rivaldo, Chumbo, Jeferson, Rogério Tarauacá, Sandro, Vilson, Arquimedes e Rayson. ROGÉRIOTARAUACÁ/ACERVO

“Eu ganhei um dinheiro razoável jogando futebol. Tanto que eu estou vivendo das minhas economias do tempo da bola. Quanto ao futuro, o meu projeto de vida inclui abrir uma escolinha de futebol e assumir o comando técnico de alguma equipe. Por enquanto estou me preparando para isso, cursando uma faculdade de educação física”, afirmou Rogério.