Não sei exatamente por qual (ou quais) motivo(s) o linguajar do esporte “brazuca” denomina “gato” um atleta que apresenta documentos falsos no que diz respeito à própria idade. Acho até que os ditos felinos não gostam nada dessa apropriação indébita do nome relativo à sua espécie.
O certo, porém, é que apesar de todos os cuidados que dirigentes esportivos e autoridades em geral vem tomando há muitos anos, de vez em quando o “gato” dá as caras e solta altos miados nas diversas arenas, seja de torneios sem muita importância, seja de competições de grande porte.
Pra falar a verdade, o “gato” não é uma instituição genuinamente brasileira. Teve uma época, a propósito desse tipo de fraude, que grande parte das seleções africanas era formada por “gatos”. E, assim, disputando com garotos de menor compleição física, eles sempre levavam vantagem.
Em princípio, quando ninguém sabia da “maracutaia”, o fato das seleções africanas adultas não confirmarem o sucesso dos “garotos” se configurava num grande mistério. Como assim? Como é que os caras ganham tudo na base e depois não chegam a lugar algum? Desaprendem?
Depois de tudo explicado, projetadas luzes nas sombras, o mistério foi devidamente desfeito. E como passaram a competir em igualdade de condições, os africanos deixaram de ser os bichos (talvez fosse melhor dizer “bichanos”) papões de outrora nos campeonatos sub isso e sub aquilo.
O assunto me vem à cabeça por conta dessa confusão que tirou o Paulista de Jundiaí da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. O time do interior, aparentemente sem o conhecimento dos seus dirigentes, escalou um zagueiro com 22 anos, sendo, dessa forma, sumariamente eliminado.
Eu disse no parágrafo anterior que “aparentemente” os dirigentes do Paulista não sabiam da fraude. Mas será que ninguém chegou a desconfiar do “parrudo” zagueirão? Afinal, um camarada de 22 anos apresenta traços musculares bem mais, digamos, robustos do que um sujeito de 19. Né não?
Sei não, viu? O que eu sei é que todo um grupo de talentosos jogadores acabou prejudicado por conta de um suposto esperto. Ao ser eliminado, o Paulista viu seus garotos de idade certa e documentos reais serem impedidos de se exibir na vitrine final da denominada “Copinha”.
É isso. O Brasil há muito deixou de produzir tamborins com couro de gatos. A sociedade protetora dos animais é que interrompeu a produção. O instrumento agora é feito de material sintético. Talvez seja hora de voltar ao modelo antigo. O gato no país do futebol ainda está longe da extinção!