Gatos famosos

A partida final da Copa São Paulo de Futebol Junior, versão 2017, disputada no dia 25 de janeiro, deveria reunir os times do Corinthians e do Paulista de Jundiaí. Deveria. A escalação de um jogador com idade adulterada, o chamado “gato”, por parte do Paulista, mudou o confronto.

E então, eis que a fraude perpetrada pelo marmanjo, um zagueirão “parrudo” que disputou várias partidas sem ser descoberto, jogando com a identidade de um presidiário, fez com que a finalíssima fosse disputada entre Corinthians e Batatais, que havia levado um pau de 5 a 1 do Paulista.

Quem gosta de futebol acompanhou o imbróglio. Inês é morta e o gato sumiu. Ninguém sabe e ninguém viu. Não tem operação policial para detê-lo. A Interpol não parece interessada no caso. Se duvidar, uma hora dessas o pilantra, com as devidas conivências, já assumiu outra identidade.

Mas até aqui eu não disse nada de novo. O noticiário recente detalhou o fato. Então, levando em conta que a confusão ainda está fresquinha na cabeça de todo mundo, o que eu quero lembrar na crônica de hoje é que existem vários “gatos” anteriores no glorioso futebol brasileiro.

O mais famoso dos “gatos” do futebol nativo, pela projeção que ganhou posteriormente, talvez seja o hoje campeoníssimo técnico Wanderley Luxemburgo. De acordo com os relatos, o profissional nasceu em 1952, mas passou anos com um registro que lhe dava três anos a menos.

Uma reportagem de autoria do jornalista Marceu Vieira, com a colaboração de Clóvis Saint-Clair e Ivan Padilha, publicada pela revista Época, no ano 2000, dá detalhes sobre o “engano” nos registros de Luxemburgo. Essa matéria está reproduzida no livro “Onze gols de placa”.

Wanderley (cujo nome na primeira certidão, a de 1952, era grafado com “V” e “I”), porém, não é o único “gato”. E não deve ter sido o primeiro a se beneficiar desse artifício. Texto do jornalista André Rizek, publicado em 2005, na revista Placar, traz uma lista de felinos famosos.

Três dos “gatos” listados por André Rizek chegaram até a defender as seleções brasileiras de base: Sandro Hiroshi, atacante que jogou o Sul-Americano sub 17 de 1995; Anaílson, meia que jogou o Mundial sub 17 de 1997; e Henrique, um lateral que jogou o Sul-Americano sub 17 de 1999.

Como se pode ver, o poço é bem mais fundo do que pode supor a nossa filosofia, cada vez mais insólita e vã. Para cada caso desses que vem à tona deve ter um monte por aí que a gente nunca vai saber. Mas o certo é que os moleques não fraudam os documentos sem ajuda de outrem. Jamais!